O governo emitiu nota classificando a invasão da DEFLA (Delegacia de Flagrantes) ocorrida na madrugada de domingo, como fato isolado. A nota é patética e não espelha a verdade!
Fato isolado não é! Não é porque não é de hoje o clima de revanchismo que impera entre as duas polícias, sem que as autoridades envolvidas – em flagrante crise de liderança – apresentem indicativos que apontem no horizonte possibilidades de reversão do problema.
Ora, convenhamos, havendo revanchismo, óbvio, afasta-se a sintonia. Sem sintonia entre os elos – obviamente também – a segurança pública corre o risco de não conseguir estancar a crescente onda de violência que assola o Acre e que preocupa a todos nós.
A crise, senhor governador, é bem mais profunda! O problema é institucional, posto que as autoridades chaves não comandam e não lideram.
A crise é muito mais de comando do que de indisciplina. O ocorrido na DEFLA exige do governo uma tomada de atitude firme, até para deixar bem claro como as coisas deveriam ser. O exemplo tem que vir de cima.
A incapacidade de enxergar o óbvio talvez impeça o governador de encaminhar medidas também óbvias: a demissão do Secretário de Segurança, do de Polícia Civil e do Comandante da PM.
Aproveitando o ensejo, a título de reflexão, só para termos uma ideia, em São Paulo, e em praticamente todos os Estados da Federação, não existe uma Secretaria de Polícia Civil. Na maioria dos casos existe um Delegado-Geral – ou Chefe da Polícia Civil – subordinado ao Secretário de Segurança.
No Acre, por incrível que pareça, a Polícia Civil não está subordinada à Secretaria de Segurança, gerando prejuízos sérios à gestão.
Aí fica a pergunta: qual a função do senhor Ildor Renir Graebner, o atual Secretário de Segurança? Se o papel dele é harmonizar as duas polícias – vamos imaginar que seja isso – já deveria ter sido demitido faz um bom tempo.
Polícia Civil e Polícia Militar precisam de novos comandantes, do contrário, o cenário de guerra entre as duas instituições acabará, cedo ou tarde, produzindo capítulos bem mais graves do que o absurdo verificado no último domingo – e que nos envergonha profundamente, eis que revela o quanto ainda são frágeis e primitivas as nossas instituições.
Edinei Muniz é professor e advogado