Trabalhando há quase uma década com pesquisas, analisando informações e com isso criando soluções, acabei me convencendo de que o nosso Acre sofre com excesso de confiança em números, o que é um grande problema, especialmente por muitas vezes não refletirem o que realmente se passa na realidade.
Em primeiro lugar, os números têm pouco valor somente por si mesmos, apenas contar os números é a forma mais fácil, rápida e superficial de um governo avaliar a qualidade dos seus serviços prestados, as informações podem mostrar (e até provar) que determinado município necessita de mais um posto de saúde porém, consultando a população, pode-se facilmente constatar que eles querem mais policiamento, mais segurança, pois o posto já atende muito bem a localidade.
Em segundo, quantidade não significam qualidade, uma diminuição percentual da criminalidade pode ser apresentada, então porque cada vez mais assaltos a residências não param de aparecer nos noticiários? Possivelmente, ao destrinchar os valores, vê-se que algumas modalidades de crimes podem ter diminuído o suficiente para afetar a média total mas os furtos podem ter aumentado mas não o suficiente para afetar a média.
Dessa forma, sem um compromisso com a população e o dinheiro público, é impossível sabermos quais fatores são responsáveis pelo bem estar, pois apenas compromissos políticos não afetam socialmente e economicamente a qualidade de vida. É necessário novas lideranças que saibam trabalhar com os dois lados, politicamente (ouvindo a população) e tecnicamente (analisando os números).
A verdade crua é que os nossos representantes não estão interessados em corrigir estes problemas de forma correta, talvez nem saibam. Eles estão interessados em ganhar, apenas isso. Eles consomem tudo ao seu redor para crescer, para aumentar o seu partido. Este é o pior tipo de projeto já criado para um Estado. Já chegou a hora de deixarmos de eleger alguém que pensa que tem tudo planejado, que está tudo sobre controle, os números não mentem, claramente eles estão mentindo.
Logo, enquanto existir lideranças que tomem suas decisões apenas por dados e ignorando a voz da população, seremos eternamente escravos dos números.
*Wesley de Brito é professor, pesquisador, economista e mestre em Desenvolvimento Regional.
