Mais um ano de passou, a ponte sobre o rio madeira não foi construída, a estrada federal BR-364 não foi concluída, a estrada do pacífico abandonada no lado brasileiro, as fronteiras escancaradas ao tráfico por falta da guarda federal e Exercito suficientes. O guardião do oeste brasileiro foi esquecido, não importando o quão relevante ele foi para história na construção do Brasil, mesmo fazendo fronteira com dois países e sendo o Estado mais próximo do Pacífico, consequentemente mais próximo dos países asiáticos, é relegado como um peso e nunca como um parceiro.
Na história, foi disputado como região estratégica para os Estados Unidos, foi arrendado pela Bolívia ao Bolivian Syndicate, que exerceu as funções que são típicas de Estado, tamanha era sua força na época, de defesa até cobrança de impostos.
O Brasil aos poucos foi se posicionando em assumir que o Acre era uma região estratégica, e dessa forma uma saída adequada para todos foi encontrada, que resultou em compensações financeiras, territoriais e de infraestrutura, algumas até hoje não cumpridas, a desonestidade já vem de um bom tempo.
Nas parcerias, cito o Peru, os níveis de crescimento anual estão na faixa de 6,2%, está sendo chamado hoje de país verdadeiramente emergente da américa latina, e isso já fazem 3 anos consecutivos de crescimento, me pergunto: Porque apenas agora o Estado do Acre está resolvendo fazer uma parceria com Peru? Simples, não sabem fazer parceria. Foram forçados a aprender pois ficamos isolados do restante do país devido a cheia do rio madeira, se não fosse isso, ficaríamos na mesma, não sabem enxergar parceiros comerciais, pois não conseguiram enxergar este gigante que mora ao lado.
Desde 2006, o presidente Lula disse: “Transoceânica melhorará relação com Peru”. Não melhorou, mas o potencial existe, apenas não é do interesse público, porque? Ao construir estaleiros no Peru e fazer a passagem das mercadorias pelo Acre, perde-se receita para os estaleiros brasileiros e Estados do lado Atlântico do Brasil, talvez seja isso, como economista é a análise que faz mais sentido por tamanha negligência com tão grande potencial exportador.
Me pergunto, se o executivo estadual que é o mesmo do federal, e tendo a maioria dos parlamentares como base nas duas esferas, porque em quase 16 anos, não conseguimos apoio além dos que aqueles obrigados por lei? Penso apenas uma coisa, não somos importantes para a atual gestão da união, se fossemos, a ponte do rio madeira já estaria pronta.
Em grandes potências como Estados Unidos, China, Inglaterra e etc., as fronteiras são de vital importância, pois são os Estados fronteiriços que conhecem muito bem os vizinhos, para acordos comerciais ou até o extremo de uma guerra. Para a União, a importância do Acre está limitada a um adicional de fronteira pago a quem resolver se estabelecer por aqui.
A possível solução? Mudança. O povo acreano não entende que somos descendentes daqueles que lutaram e sobreviveram em meio a floresta, e daqueles que largaram tudo o que tinham de mais precioso em sua cidade natal, para fincar raízes nesta terra. Somos importantes, se não querem dar o devido valor, então elegeremos quem os dê.
Wesley de Brito é economista, professor e pesquisador.
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