O Plano Real é, de fato, um dos planos para equilíbrio da economia mais bem sucedidos que se tem notícia. Foi capaz de reduzir a inflação anual brasileira de 5.150,00%, níveis que chamamos de hiperinflação, para valores médios em torno de 10% ao ano, dentro de um período muito curto de tempo, e antes dele, outros 13 planos de estabilização foram utilizados desde que se intensificou a crise no ano de 1979.
O Plano Real introduziu inovações de alta importância para seu sucesso diante do conjunto de circunstâncias. Nisto, necessitou de três principais estratégias:
1) Um plano fiscal que tinha como alvo a aprovação da Emenda Constitucional que criou o Fundo Social de Emergência e visava o equilíbrio orçamentário, direcionando os recursos da União para este fundo, oferecendo uma maior flexibilidade para o corte de gastos e maior eficiência, pois os gastos do governo cooperavam fortemente para a hiperinflação.
2) Criação de um processo de reforma monetária, que resultou no surgimento da moeda temporária chamada URV (Unidade Real de Valor), preservando assim o poder de compra do consumidor e controlando a inflação, posteriormente foi substituída pelo Real que tornou-se a moeda vigente.
3) Uma ação enérgica para a abertura da economia e redefinição da macroeconomia externa do Brasil entre elas o equilíbrio fiscal, abertura do país para empresas mais competitivas e as privatizações (erroneamente chamadas de concessões), pois utilizava-se um modelo de crescimento orientado para dentro, causando diversas desvantagens e contribuindo para a hiperinflação.
O Plano Real foi um poderoso instrumento de reforma monetária no combate a hiperinflação e cumpriu o seu papel de estabilizador da economia e o controle dos preços que oscilavam de forma constante, e se saiu muito bem mesmo diante das crises do México (1995), Asiática (1997-1998) e da Rússia (1998).
Atualmente, é possível perceber que o plano, como não foi completamente implementado, possui problemas que não foram corrigidos, porém ele foi a base lançada para proporcionar a possibilidade de acesso a bens de consumo pelas camadas mais pobres da sociedade através dos planos de incentivo ao combate da pobreza e a exclusão social, e mesmo não sendo administrada pelo seus criadores, foi se adaptando às bruscas mudanças políticas no Brasil dos últimos 12 anos, e mesmo assim, possui forças para permitir que o brasileiro tenha acesso aos frutos do seu trabalho.
*Wesley de Brito é professor, pesquisador, economista e mestre em Desenvolvimento Regional.