Estou sendo cobrado por alguns amigos a votar em Marina por ela ser acreana. Não. Isso não.
As pessoas que usam a razão antes do sentimento costumam ser aborrecidamente lógicas.
Observo a tal “nova política” de Marina e procuro suas contradições.
Por conselhos de meus pais (por isso não embarquei na onda petista dos anos 80) que diziam que “o seguro morreu de velho”, como medida cautelar desconfio de quem se coloca acima do bem e do mal.
Nesses poucos dias de candidatura de Marina vi, ela, de forma arrogante, chamar a Luciana Genro de “velha esquerda”, por esta continuar a defender os mesmos princípios que Marina defendia em tempos bem recentes. Isso é oportunismo e cinismo puro.
Vi Marina mudar de posição de forma ligeira por causa das ameaças de um pastor.
Vi Marina copiar ipsis litteris o Programa Nacional de Direitos Humanos de Fernando Henrique, do ano de 2002, sem nenhuma citação autoral e ainda de forma autoritária dizer que tal plano não tinha mais autoria e era uma conquista da sociedade.
Ora, a luz elétrica é de todos, mas a concepção intelectual sempre será de Thomas Edison.
Propriedade intelectual é tão importante quanto a propriedade privada para as democracias, logo, com esta atitude, ela admite não respeitar.
Vejo Marina vender a imagem ao Brasil de oposição ao PT, quando no Acre apoia o projeto petista e seu esposo exercia cargo de assessor especial do governador até poucos dias atrás. Aqueles que não percebem estas contradições, ou são tolos ou desavisados.
Lembro Marina no Congresso Nacional votando contra as duas principais conquistas do Brasil nos últimos 20 anos: O Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Lembro a insurreição de Marina contra um dos seus mentores, Dom Moacir Grechi, apenas por este ter feito uma observação contrária ao que ela pensava. Falta-lhe gratidão e sobra-lhe autoritarismo e pretensão.
Lembro do silêncio de Marina sobre o mensalão, talvez com receio de receber a mesma resposta dada a então senadora Heloisa Helena pelo tesoureiro do PT Delúbio Soares, de que os recursos não contabilizados abasteceram as candidaturas do partido em todos os estados.
Lembro que Marina saiu do PT em 2009 não por causa dos malfeitos do partido, e sim porque foi Dilma, e não ela, a escolhida por Lula para ser a candidata a Presidência da República.
Vejo Marina falar de transparência, mas se recusar a informar as empresas que pagam valores vultosos por suas palestras. Da mesma forma faz Dilma, com os gastos sigilosos da Casa Civil e dos empréstimos que o BNDES faz aos países alinhados ideologicamente.
E como diz a música de Roberta Miranda: “são tantas coisas”.
E não voto em Marina, porque como Senadora da República por dois mandatos e ainda ministra do Meio Ambiente, tendo ao seu lado por ser do mesmo partido o Presidente da República, o Governo do Estado do Acre e ainda o prefeito de Xapuri, não há nada de concreto e significativo que ela tenha feito por aquele município tão carente do nosso estado.
Declaro meu voto em Aécio Neves, por ter a dignidade de não usar a memória póstuma do seu avô Tancredo Neves para sensibilizar as pessoas e faturar politicamente.
Declaro meu voto em Aécio Neves por ter implementando em Minas Gerais a prática da eficiência e da meritocracia da iniciativa privada.
É disso que o Brasil precisa. A valorização do mérito.
Nosso país está cansado de comiseração.
Nosso país está cansado de mitologia.
Eu não voto em improvisos e aventuras.
Minha emoção fica para a minha família.
Minha razão, pela sociedade e pelo Brasil.
Francisco Nazareno é ex-diretor do ITV/AC