Aloysio Nunes: “decisão do Supremo sobre Delcídio é irretocável”
Brasília – “Penso que incorreríamos num péssimo exemplo para o país se, no dia em que o Supremo Tribunal Federal determinou a prisão de um senador, decretássemos seu relaxamento”. Desta maneira, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) encaminhou a votação do seu partido a favor da decisão do STF a respeito de Delcídio do Amaral (PT-MS). É a primeira que um senador vai para a cadeia no exercício de seu mandato. O placar foi 59 votos a favor, 13 contra uma abstenção.
O tucano considerou a decisão do tribunal irretocável:
“A se tomar por verdadeiros os registros que todos nós recebemos de diálogos travados entre Delcídio, André Esteves, o advogado do senhor Cerveró [Edson Ribeiro] e o seu filho [Bernardo], são diálogos sórdidos, chocantes, acabrunhantes; portanto, os indícios são veementes”, disse Aloysio Nunes.
“Havendo sinais de abuso, claro que pode, sim, e deve a Casa, no caso de um senador, sustar a prisão, determinar o seu relaxamento. Mas os indícios que estão presentes neste caso de modo algum sugerem que possa ter havido arbitrariedade do Supremo”.
De acordo com o pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), o petista teria prometido pagar R$ 50 mil mensais para a família do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. O objetivo era que ele não revelasse suposta participação do senador no esquema de corrupção na empresa. O documento também afirma que Delcídio teria participado da elaboração de um plano de fuga de Cerveró para a Espanha, onde possui cidadania, passando antes pelo Paraguai.
Mais cedo, o PSDB havia encaminhado sua posição favorável para que a votação sobre a manutenção da decisão do Supremo contra o senador do PT fosse aberta. O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu que os votos dos parlamentares na matéria fossem secretos, conforme sua interpretação do regimento interno da Casa. O peemedebista transferiu a decisão para os senadores. O Plenário da Casa optou pelo voto aberto com 52 votos favoráveis, 20 contrários e 1 abstenção.
Ainda na tarde desta quinta, senadores de oposição protocolaram um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal para garantir a votação aberta sobre a matéria. Porém, o pedido deferido pelo ministro Edson Fachin foi apresentado no tribunal pelo Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Lava Jato
Além de Delcídio do Amaral, foram presos na manhã desta quinta-feira (25) pela Polícia Federal o chefe do gabinete dele, Diogo Ferreira, e o banqueiro André Esteves. A Procuradoria-Geral da República (PGR) suspeita que eles tentaram atrapalhar as investigações da operação Lava Jato. A prisão do petista foi pedida foi pedida pela PGR e autorizada pelo ministro Teori Zavascki, do STF.
* Da assessoria do senador