Após debandada, ministérios de Dilma ficam sem comando

Acompanhe - 19/04/2016

O governo Dilma Rousseff está abandonado após a aprovação do impeachment da presidente pela Câmara dos Deputados. O Palácio do Planalto tem hoje um terço de seus 30 ministérios chefiados no improviso, com uma em cada três pastas conduzidas por um ministro “tampão”. Mesmo com a recondução de alguns ministros que saíram do governo apenas para votar a favor de Dilma Rousseff no impeachment, o retrato da realidade mostra que Dilma está sem vários de seus principais auxiliares.

Às vésperas das Olimpíadas do Rio de Janeiro, por exemplo, Dilma foi obrigada a nomear às pressas um aliado do PC do B para o Ministério dos Esportes, depois que o ministro titular George Hilton deixou o cargo em meio à “debandada” de partidos aliados da base de apoio do governo federal. O clima no governo é de despedida, uma vez que a expectativa é de aprovação do processo de impeachment pelo Senado no começo de maio – o que obriga Dilma a se afastar do cargo por pelo menos 180 dias.

Na opinião da deputada federal Mariana Carvalho (PSDB-RO), a debandada deixa a presidente sem estrutura necessária para governar.  “A gente já percebe que o governo acabou. Ela não tem mais condições de governar, não tem força no Congresso e nem nas ruas. E ela já sabe que não adianta ainda tentar montar um quebra-cabeça. Prejudica tanto a imagem do governo quanto a população. Ela acaba nomeando sem analisar a capacidade e as condições de estarem na frente de um ministério. Apenas fazendo um mandato tampão, porque ela não sabe até quando vai ficar.”

Apesar do uso político que fez de seus ministros, a presidente Dilma não conseguiu unanimidade nos votos. Mauro Lopes, ministro da Secretaria de Aviação Civil até poucos dias, foi dispensando do cargo para ajudar a presidente na Câmara, mas fez voto favorável ao impeachment e foi demitido em rede nacional. Para Mariana, as bases da presidente são frágeis.

“A gente viu o caso do ministro Mauro Lopes que estava na Aviação Civil. Saiu para votar, votou contra o seu governo e acabou não tendo a renomeação após dar voto contrário, que ela não esperava. Isso mostra que ela está mesmo frágil. A gente já percebeu pela votação que ela não conseguiu atingir sequer o número mínimo para poder enterrar o impeachment na Câmara.”

Com o encaminhamento do processo para o Senado, o governo deve reabrir o balcão de negócios e, possivelmente, colocar os cargos vagos à disposição.

X
19/04/2016