“10 anos da gestão do PT”, artigo de Tadeu Afonso

Acompanhe - 01/03/2013

* Artigo do jornalista Tadeu Afonso

dilma foto Fabio Rodrigues Pozzebom ABrEmpresários receberam empréstimos e juros mais do que generosos do BNDES, disposto a ser tornar sócio, como aconteceu com frigoríficos e uma fábrica de produtos lácteos. Muita gente sem o tal “espírito animal” ficou encantada. A possibilidade de mamar nas tetas do Tesouro – e do contribuinte – acabara no final da ditadura.

As centrais sindicais foram bancadas pelo imposto sindical. E sem a necessidade de prestar contas ao TCU.

As ONGs (muitas criadas às pressas e de origem e endereços desconhecidos) e os “movimentos sociais” assinaram convênios com órgãos estatais sem a necessidade de apresentar resultados.

Os partidos aliados se transformaram em sublegendas do lulismo. O PT deixou de ser dos trabalhadores. Hoje, é dirigido pela “nomenclatura” do funcionalismo e do peleguismo.

O Congresso se contenta em homologar sucessivas medidas provisórias editadas pelo Planalto.

O aparelho do Estado foi leiloado entre os petistas e aliados, que se instalaram feito posseiros nas repartições e estatais.

De cara, os meios de comunicação foram ameaçados com a tentativa de expulsão de um correspondente estrangeiro que cometera o crime de publicar matéria (de mau gosto) sobre a atração de “Nosso Guia, Nosso Líder’ por garrafas. Eles continuam sob a ameaça da implantação do “controle social” dos meios de comunicação.

São as conquistas dos dez anos de poder de Lula, Dilma, do PT e seus vassalos.

Quando chegou ao Planalto, Lula, o PT e os futuros mensaleiros acharam que tinham um mandato para refundar o Brasil e reescrever a história.

No governo FHC, Lula e seus mensaleiros foram contra o Plano Real, o Fundef, o Proer, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a CPMF, as privatizações e a reforma da Previdência, por exemplo.

No Planalto, mudaram de posição. Os petistas que não entenderam os novos tempos, como a senadora Heloísa Helena, acabaram expulsos.

Houve exceções. Todo dia 1º de julho, o Planalto mantém um estrondoso silêncio sobre mais um aniversário do Plano Real. “Nosso Guia, Nosso Líder” chegou a comunicar ao empresariado que odeia qualquer comemoração nessa data.

Difícil foi a questão das privatizações. Afinal, elas foram um sucesso. A transferência do monopólio do petróleo da Petrobrás para a União permitiu “joint ventures” com multinacionais que trouxeram tecnologia para a descoberta do pré-sal.

A privatização da Telebrás democratizou as telecomunicações. Hoje, qualquer trabalhador tem acesso ao celular. Com o monopólio estatal, telefone era coisa de rico.

O que fizeram Lula e o PT? Batizaram as privatizações de “concessões”. Lula sentiu-se liberado para fazer a “concessão” de rodovias, aeroportos e bancos estaduais falidos. A próxima “concessão” deve ser a dos portos.

Reescrevendo a história, o PT trombeteou, em seu primeiro programa no horário eleitoral gratuito de 2003, que o Brasil havia se tornado um país solidário com Lula no poder.

Solidariedade é qualidade congênita dos brasileiros e não um monopólio do PT.

A ética petista foi para o lixo. A corrupção começou com um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor direto do chefe da Casa Civil, José Dirceu, cobrava propina de um bicheiro chamado Carlinhos Cachoeira…

Tentando apagar as digitais dos mensaleiros, Marilena Chauí alegou que o escândalo era movido pelo ódio à luta do PT pela democracia.

Só que Lula se opôs à eleição de Tancredo Neves e expulsou os deputados que o desobedeceram.

Assim, foi deboche a romaria de Dilma Rousseff a São João del Rey para depositar flores no túmulo de Tancredo quando ela começou sua campanha para a Presidência.

Sem realizações, Lula começou a praticar a se apresentar como “engenheiro de obras feitas”.

Em novembro de 2005, anunciou o lançamento do programa de seguro-defeso, que pagaria um salário mínimo mensal aos pescadores entre janeiro e abril, quando eles ficam impedidos de pescar por causa da reprodução dos peixes.

O programa existe há mais de 10 anos. Na Bahia e Ceará, o benefício é pago desde 1992.

Lula comemorou a autossuficiência na produção de petróleo como coisa sua. Para tanto, “esqueceu” que a exploração do campo de Garoupa (que permitiu isso) já durava 31 anos.

No segundo mandato, ele anunciou a criação da Consolidação das Leis Sociais, que incluiria a CLT. Só que a legislação trabalhista data do século passado…

Lula disse, na festa dos 10 anos do PT no poder que ninguém combateu mais a corrupção do que ele.

Só faltou alegar (como no escândalo do mensalão) que criou a Corregedoria Geral da União.

O site da CGU (www.planalto.gov.br/cgu) desmente o “engenheiro de obras já feitas”: ela foi criada pela MP 2.143 de 24 de abril de 2001. Por FHC.

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01/03/2013