“A arrogância sempre precede a queda”, por Juvenal Araújo
Mesmo diante da maior manifestação popular da história do Brasil, que levou mais de 6 milhões de pessoas às ruas a manifestar contra o PT, o ex-presidente Lula e a presidente Dilma, o Partido dos Trabalhadores adotou a tática de sempre: desqualificou o movimento, recortando aqui ou ali, uma imagem qualquer que favoreça as suas narrativas separatistas, jogando negros contra brancos, ricos contra pobres, enfim, brasileiros contra brasileiros.
Foi como o caso da babá Maria Angélica Lima, de 45 anos, fotografada junto dos seus patrões empurrando um carrinho de bebê, no último domingo, durante as manifestações. Ela é moradora de Nova Iguaçu e trabalha como babá aos finais de semana para ajudar na renda familiar. Sua imagem fomentou extensos debates nas redes sociais.
Exposta como não gostaria de ter sido, a história de Maria Angélica, entretanto, trouxe algo que os petistas não esperavam: ela foi eleitora de Aécio Neves nas últimas eleições presidenciais. “O Lula não foi aquele presidente que todo mundo esperava. Aí, votei no Aécio para dar uma oportunidade de que ele mudasse o quadro. Mas entrou a Dilma e a gente está vendo esse resultado”, disse em entrevista ao jornal Extra, do Rio de Janeiro.
Ainda nessa entrevista, ela explicou que só trabalha aos sábados e domingos e que durante a semana fica com suas duas filhas.
Outra interessante matéria publicada pelo jornal El Pais, ouviu a voz da periferia insatisfeita que (ainda) não foi protestar contra Dilma e o PT. O jornalista Felipe Betim foi as zonas leste, norte e sul de São Paulo falar com pessoas que não estavam presentes à manifestação, mas estão insatisfeitos com o governo Dilma, todos pertencentes às classes C, D, e E, os mais afetados pela crise econômica.
Estas duas publicações desarmam a tentativa do PT de colocar às manifestações e as críticas ao governo petista como fruto de uma luta de classes entre os brasileiros. Além de algo deslocado no tempo e nos fatos, essa narrativa desconsidera, por exemplo, que nunca antes na história desse país banqueiros ganharam tanto dinheiro, como nos governos Lula e Dilma.
Desqualificar as manifestações é sintoma de uma soberba incompatível com a crise econômica e política pela qual passa o país. Historicamente, é o tipo de arrogância que antecede quedas.
*Juvenal Araújo é presidente do Tucanafro nacional