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“A Petrobras aderna”, análise do Instituto Teotônio Vilela

Lucro da estatal caiu 36% em relação a 2012, na maior queda anual em quase seis décadas de história da empresa

ITV - 05/02/2013

* Análise do Instituto Teotônio Vilela

Petrobras Foto Agencia PetrobrasSão horrorosos os resultados divulgados ontem pela Petrobras. Há muito tempo não se via tantos recordes negativos enfileirados como no balanço da companhia referente a 2012. Sob o peso da má gestão petista, a maior estatal brasileira continua adernando e só não naufragou de vez em razão da musculatura que conseguiu acumular depois da abertura do mercado nacional à concorrência privada, na década de 1990.

Onde quer que se analise o balanço da companhia, os resultados são ruins. O lucro caiu 36% em relação a 2012, na maior queda anual em quase seis décadas de história da empresa, segundo a Folha de S.Paulo: o valor apurado, de R$ 21,2 bilhões, é o menor desde 2004. Mesmo o lucro alcançado no quarto trimestre – que foi até comemorado pelos analistas – é o pior desde 1999 para meses de outubro a dezembro, quando corrigido pela inflação

A produção de petróleo da Petrobras caiu 2% no ano passado. É apenas a terceira vez que isso ocorre nos 59 anos de história da companhia. Assim, Dilma Rousseff agora faz parte do panteão onde estão Fernando Collor, que levou a empresa a uma queda em 1990, e Luiz Inácio Lula da Silva, que conseguiu a proeza em 2004. Eles se merecem.

Desde que o PT chegou ao poder, há dez anos, a Petrobras nunca cumpriu as metas de produção a que se propôs. Em 2012, mesmo com a revisão, para baixo, dos objetivos determinada em junho pela nova presidente da companhia, Graça Foster, o resultado não foi alcançado. Neste ano, a produção da empresa deve manter-se estagnada.

Em decorrência, a despeito das gigantescas reservas do pré-sal – ou até pelas estapafúrdias regras que o governo do PT determinou para sua exploração –, a produção de petróleo no Brasil é cadente: foram 14 milhões de barris a menos no ano passado, com queda de 2,07% em comparação com 2011, segundo divulgou ontem a Agência Nacional do Petróleo.

Com participação compulsória na operação do pré-sal, a Petrobras paga o pato. Seu nível de endividamento aproxima-se do limite estipulado pelas agências de avaliação de risco para concessão de grau de investimento. A relação entre dívida líquida e geração de caixa da companhia já estourou a barreira de 2,5 observada pelos investidores.

Como consequência, a Petrobras deverá ter crescentes dificuldades para capitar dinheiro para fazer frente a seu bilionário plano de investimentos – são US$ 236,5 bilhões para o período 2012-2016. Só em 2012, a dívida líquida cresceu 43%, para R$ 147,8 bilhões. A tendência é os empréstimos à companhia ficarem cada vez mais caros e os projetos serem abandonados, como os das refinarias Premium do Maranhão e do Ceará, ou postergados, como o do Comperj, no Rio.

Uma das razões mais evidentes para o mau desempenho da Petrobras é o uso que o governo petista faz da empresa como âncora da inflação. Os combustíveis passaram anos sem sofrer reajuste na bomba, à custa de prejuízos da Petrobras – que paga por eles no exterior mais do que cobra no mercado interno. Em 2012, o rombo foi de R$ 22,9 bilhões, ou mais de duas vezes os R$ 9,9 bilhões registrados no ano anterior.
No ano passado, a empresa que por décadas foi a maior do Brasil passou a valer menos que a Ambev. É incrível, mas, no país do pré-sal, fabricar cerveja dá mais dinheiro do que produzir petróleo. Recorde-se que, no segundo trimestre, a Petrobras já alcançara a proeza de registrar prejuízo de R$ 1,34 bilhão, o primeiro em 13 anos.

No ranking mundial, a Petrobras também segue mar abaixo. Dois anos atrás, a estatal brasileira chegou a ser a terceira maior petroleira do planeta em valor de mercado; hoje é apenas a oitava, de acordo com O Globo. Desde outubro de 2010, a empresa perdeu US$ 106,7 bilhões, a maior queda entre as empresas mundiais do setor. A queda das ações alcança 36% desde então. Significa dizer que praticamente todo o valor aportado na maior capitalização da história (US$ 120 bilhões) simplesmente evaporou.

A Petrobras vai mal num segmento da economia em que suas concorrentes vão muito bem. No ano passado, o barril de petróleo cotado a mais de US$ 100 permitiu a companhias como Exxon Mobil, Royal Dutch Shell e Chevron apresentarem aumento de lucro de 6%, 3% e 41%, respectivamente.

As perspectivas da estatal brasileira não são boas, penalizando também os pouco mais de 32 mil trabalhadores que ainda mantêm parte do seu FGTS aplicado em ações da Petrobras – em 2000, quando a operação foi realizada, eram 310 mil. O valor aplicado caiu 70% em cinco anos, registra o Correio Braziliense.

A própria empresa admite que a recuperação não virá em 2013. A Petrobras continuará sujeita aos mesmos percalços que lhe garroteiam o desempenho: a demanda de combustíveis continuará subindo, forçando mais importações (a alta em 2012 foi de 12%), com preços no varejo defasados em relação ao exterior para que o governo Dilma segure a inflação.

A Petrobras está adernando porque as políticas adotadas pelas gestões petistas para o setor de petróleo são equivocadas. As regras estatizantes do pré-sal e a exigência de conteúdo nacional impuseram custos adicionais à operação da empresa, além de terem levado a adiamentos de projetos. A ingerência política atingiu níveis nunca antes vistos, conforme denunciou recentemente o representante dos trabalhadores no conselho de administração da companhia. Parafraseando o que disse Graça Foster logo depois de ter assumido a estatal há exato um ano, a história recente da Petrobras é algo para ser aprendido e nunca repetido.

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05/02/2013