“As coisas na economia brasileira não andam bem”, por Alberto Goldman
Quanto ao investimento público, mesmo com o PAC, grandes atrasos e explosões de custos têm sido a norma
Artigo do vice-presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman
Nesse domingo dois conceituados economistas, José Roberto de Barros e Affonso Celso Pastore, de origem e orientação políticas bem diferentes, escrevem no Estadão artigos que convergem para uma preocupação comum: as coisas na economia brasileira não andam bem.
José Roberto observa que a expectativa da política econômica do governo era turbinar o crescimento econômico através do investimento público e da expansão do investimento privado. Foi um fracasso!
Quanto ao investimento público, mesmo com o PAC, grandes atrasos e explosões de custos têm sido a norma. Nas grandes estatais, Petrobrás e Eletrobrás, as coisas também não andam bem, pela perspectiva de fluxos de caixa insuficientes. Na primeira a produção de petróleo caiu 2,3%, o lucro 36%, o Ebitda ( lucro do negócio propriamente dito ) caiu 14%. Aumentou seu endividamento, o pagamento aos fornecedores tem atrasado, a companhia perdeu eficiência, aumentou a dependência da importação de derivados e os custos das novas refinarias, que não terminam, multiplicaram. Não era de se esperar outra coisa vista que a sua utilização para fins políticos e partidários é o modo petista de gestão. Quanto à Eletrobrás ela foi brutalmente sacrificada na nova regulamentação do setor elétrico para que a presidente pudesse transformar a baixa das tarifas em seu primeiro comício eleitoral para 2014. É irônico que a grande defensora ( e seu partido ) da presença do Estado na atividade econômica seja a responsável pelo enfraquecimento de nossas maiores estatais. Fôssemos nós o governo e eles a oposição já estariam gritando: “estão entregando as nossas riquezas ao imperialismo ianque”.
Quanto ao investimento privado, não há nenhum sinal de entusiasmo dos investidores, em parte explicado pelas incertezas quanto à direção, oscilações e intervenção na política econômica, veja-se a confusão criada em torno do sobe e desce da cotação da nossa moeda. E para confirmar o inferno astral, o crescimento da inflação acaba com a credibilidade do nosso ministro da Fazenda. Enfim o ambiente de negócios não encoraja a retomada dos investimentos.
Já o economista Affonso Celso aborda o tema inflação e diz que o governo está enredado em contradições. Entende que o controle da inflação foi colocado em plano secundário o que significa que ela pode tardar a aparecer mas nunca falha, o que pode levar o BC a elevar a taxa Selic em meados do ano. Mesmo com a queda das tarifas de energia elétrica e com os artifícios que têm sido usados pelo executivo, a médio prazo, a tendência de crescimento da inflação é dominante, segundo ele. O que fazer? Qual seria o custo maior para domar a inflação? Elevar a taxa de juros traria aumento do desemprego. Forçar a apreciação do real? Até quanto? A sinalização do governo é muito confusa, cada um fala uma coisa. O objetivo do governo com uma real mais fraco era arrancar a indústria desse fundo de poço no qual foi colocado. Mais um fracasso, o PIB da nossa indústria caiu 2,7%, no ano passado. O que se deveria fazer seria um programa ambicioso de reformas que não constou da agenda do governo nesses últimos 10 anos de governo do PT.
Conclusão de Pastore: o resultado final é que a inflação tende a crescer e, em prazo um pouco mais longo, sair do controle.
Enfim, tanto Mendonça de Barros quanto Pastore não trazem notícias alvissareiras. Pelo contrário, mostram que a economia está desandando e que as perspectivas eleitorais para a dupla Lula/Dilma talvez não sejam tão fantásticas como se apregoa.