“Brasil: rumos e destinos”, artigo do senador Cyro Miranda

Artigo do senador Cyro Miranda (PSDB-GO) publicado nesta sexta-feira (28) no jornal O Popular (GO)

Acompanhe - 28/09/2012

* Artigo do senador Cyro Miranda (PSDB-GO) publicado nesta sexta-feira (28) no jornal O Popular (GO)

O cidadão brasileiro, de espírito crítico em relação à economia, já deve ter parado para refletir sobre para onde o Brasil está indo. Uma sucessão de greves – Polícia Federal, bancos, universidades, Correios – junto com uma projeção de crescimento do PIB em torno de 1,6% são ingredientes que rebatem uma das maiores bravatas do ex-presidente Lula: a de que a crise mundial não passava de uma marolinha.

Lula talvez tivesse sido mais honesto caso se preocupasse com a pesada herança à presidente Dilma Rousseff.

Graças ao bom senso, a presidente Dilma tem percebido que não há como o Estado vencer sozinho os gargalos da competitividade brasileira, sobretudo os da infraestrutura de escoamento da produção, portos, aeroportos, rodovias e ferrovias. O caminho é a parceria e a transferência à iniciativa privada desses setores, que deverão ser regulados e fiscalizados pelas agências concebidas ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. Mas estas só funcionarão como devem se forem desaparelhadas e começarem a exercer o devido papel fiscalizador.

O Brasil moderno precisa superar os ranços estatizantes e compreender o papel extremamente importante da iniciativa privada no processo de desenvolvimento de qualquer nação, até porque, a União não tem superávit nominal: quando a União paga os juros de sua dívida, fica no vermelho.

O impostômetro bate recordes sucessivos a cada ano, mas as dotações do orçamento público federal reservam apenas 2,9% para a educação, 3,5% para a saúde e míseros 0,8% para a segurança.

A presidente deve dar mais ouvidos a Jorge Gerdau e, de fato, buscar a desoneração do setor produtivo, com a redução das tarifas de energia elétrica. Faria um grande bem ao Brasil se desonerasse a classe média também e promovesse o equacionamento das dívidas dos Estados e municípios.

Se quiser salvar o seu governo de um fiasco econômico e se desejar direcionar o Brasil para o rumo certo, a presidente precisará buscar parcerias com a iniciativa privada. Mas nenhum empresário com o mínimo de juízo e competência vai fazer parceria com o governo para ficar subordinado à Infraero ou à Companhia das Docas, muito menos para investir em roubadas como a do trem-bala.

O Brasil carece de planejamento de médio e longo prazo para sairmos dessa agonia que alterna ciclos de crescimento razoável com momentos críticos, como o vivido agora. Se tivesse sido mais ousado nas reformas necessárias, Lula não teria deixado a sucessora neste sufoco do pibinho.

É claro que o Brasil não está imune às crises mundiais, mas, com o potencial econômico de que dispomos, poderíamos ter encontrado o caminho do crescimento sustentável, centrado nas prioridades da Nação: infraestrutura, marcos regulatórios bem definidos, educação e saúde pública de qualidade e segurança. É esse o rumo.

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28/09/2012