“Brasília realmente tem o estádio mais verde do mundo?”, por Fernando Lessa
Fernando: Realmente será que temos um estádio sustentável?
O conceito de sustentabilidade passa por três conceitos, social, energético e ambiental. Nesse mesmo sentido a ideia de sustentabilidade é de ser autossustentável, o Estádio Mané Garrincha, como gostam de chamar os brasilienses em breve poderá ganhar um selo internacional o classificando como estádio mais sustentável do mundo.
O estádio pode cumprir diversos quesitos que o tornam realmente sustentável, como ventilação, fácil acesso, mobilidade, estacionamento, energia solar e reaproveitamento da água da chuva, mas e quanto ao quesito social? Realmente será que temos um estádio sustentável?
O valor exato do estádio ainda não foi totalmente divulgado, mas já sabemos que passou de 1,7 bilhões de reais, se tornando o mais caro do mundo. Tendo em vista o conceito de sustentabilidade, será que o estádio é sustentável quanto a sua renda? Imaginemos que a Terracap, empresa pública quem administrará o estádio e responsável pela obra, consiga realizar dois eventos por mês com rendimentos de um milhão de reais, seriam necessários mais de 850 eventos para recuperar o valor investido e mais de 70 anos, logo, não se aplica aí o conceito de sustentabilidade. Para efeito de políticas públicas, onde o estado faz investimentos sem previsão de retorno imediato ou sem previsão de retorno, pensemos que tipo de política pública o Governo do Distrito Federal promoveu para os seus contribuintes? Seriam necessários mais de 40 eventos com lotação máxima, 71 mil, para que toda população do DF pudesse ir ao estádio e assim se sentir contemplada com a obra. Fora tudo isso os custos de manutenção, que recentemente o governador Agnelo Queiroz/PT disse que entregará para iniciativa privada a gestão do estádio, para não acarretar “mais gastos” para o Estado.
Portanto a certificação do estádio como sustentável não cumpre um dos quesitos básicos de sustentabilidade que é o social, fora o ambiental, que foi deixando de lado na construção.
Há muito que se discutir sobre a sustentabilidade social do estádio, valor gasto etc, porém, não há mais como evitar, já foi feita a política pública de construção de estádio pelo governo do Distrito Federal, vamos seguir em frente, contemplando a beleza do estádio e que o governo agora tenha o mesmo empenho na captação e aplicação dos recursos em mobilidade urbana, motivo que desencadeou uma série de protestos Brasil a fora, inclusive no DF, sem deixar de lado uma melhor aplicação, é claro, em saúde, educação e investimentos de infraestrutura.
*Secretário geral JPSDB- DF e estudante de Física da UnB