Constrangido, Adams busca conter perda de prestígio no governo
* Análise de Valdo Cruz publicada na edição desta quarta-feira (28) do jornal Folha de S. Paulo
De assessor com cotação em alta no governo federal, Luís Inácio Adams, o advogado-geral da União, passou à condição de acuado desde que foi revelado o indiciamento de seu braço direito na Operação Porto Seguro.
Constrangido por ter um assessor de sua confiança pessoal atingido pelo escândalo, Adams busca agora conter a perda de prestígio anunciando medidas como a suspensão do parecer que engolfou seu adjunto José Weber de Holanda no episódio.
Até aqui, o advogado-geral segue, nas palavras de assessores do Planalto, com o apoio e a confiança da presidente Dilma. Ontem, participou da reunião com a chefe para finalizar as medidas do programa no setor portuário.
Sua decisão de dar entrevista sobre o caso, anunciando medidas e reconhecendo suas ligações pessoais com Holanda, exonerado por decisão da presidente, foi elogiada pelo Planalto.
Adams passará a correr algum tipo de risco mais sério, segundo assessores, apenas se surgir algo que o envolva ao esquema detonado pela Polícia Federal. Hipótese que, por enquanto, não é considerada no Palácio do Planalto.
Politicamente, ele mesmo admite que sofreu avarias. Sua tarefa será tentar manter e recuperar seu prestígio à frente da AGU (Advocacia-Geral da União), posto que lhe deu visibilidade nas discussões internas do governo.
Ele foi muito elogiado pela presidente na condução das medidas adotadas para enfrentar a greve dos servidores públicos neste ano.
Quanto a voos mais altos, o próprio Palácio do Planalto faz circular que, apesar de aparecer nas listas de cotados, Adams estava fora dos planos presidenciais para as próximas mexidas bem antes de estourar o escândalo.
Vagas
Dilma definiu como critério não indicar para a vaga de Ayres Britto no STF (Supremo Tribunal Federal) um nome com ligações partidárias, o que exclui Adams, petista.
Quanto às especulações em torno de sua ida para a Casa Civil, Dilma não pretende tirar Gleisi Hoffmann do comando da pasta e, por isso, nunca aventou a hipótese de transferir Adams para o posto no próximo ano.
Por sinal, o nome do advogado-geral foi lançado por assessores presidenciais muito mais para acabar com especulações envolvendo nomes políticos para a pasta, como o do ministro Aloizio Mercadante (Educação).