“Cura a galope”, artigo de Lúcia Vânia
Artigo da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) publicado na edição desta segunda-feira (03) do jornal Diário da Manhã – GO
* Artigo da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) publicado na edição desta segunda-feira (03) do jornal Diário da Manhã – GO
Proximamente estarei relatando, favoravelmente, na Comissão de Assuntos Sociais, o Projeto de Lei do Senado nº 264, de 2010, de autoria do então Senador Flávio Arns, que dispõe sobre a Equoterapia.
O projeto define equoterapia como “método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas da saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial da pessoa com deficiência”.
A equoterapia tem interfaces com outras áreas como a medicina, a psicologia, a pedagogia, a terapia ocupacional, a fisioterapia e a fonoaudiologia. Os ganhos físicos e psicológicos da terapia com equinos são muitos e provêm diretamente das peculiaridades dessa técnica terapêutica, que tem, portanto, especificidades que não são reprodutíveis por outras abordagens.
Na equoterapia, é todo o corpo, na sua integralidade, que está envolvido, com efeitos diretos não apenas na força e tônus muscular, mas também na consciência corporal e no aperfeiçoamento da coordenação motora ampla e fina, no equilíbrio e na correição postural.
Além dos ganhos físicos, a interação com os cavalos permite o desenvolvimento de toda uma gama de respostas e de resultados específicos no domínio afetivo e social, com reflexos notórios na autoconfiança e na auto-estima dos pacientes. Da mesma forma, a observância obrigatória de certos limites e regras, na interação com os cavalos, favorece o desenvolvimento da percepção do espaço corporal e social.
Por fim, a terapia com equinos requer do praticante o uso intensivo de faculdades como a atenção e a concentração, essenciais, entre outras coisas, para o bom desempenho cognitivo. Além dos aspectos físicos e sociais, portanto, a equoterapia permite um ganho no domínio cognitivo e do aprendizado.
Poucas outras práticas põem em uso ao mesmo tempo e de forma tão integrada todas essas dimensões – social, psicológica, cognitiva, afetiva, corporal –, de modo que poucas outras técnicas terapêuticas são tão eficazes como produtoras de estímulos variados, favorecendo desde o aguçamento das simples sensações até as elaborações mentais mais complexas.
É dispensável ressaltar a importância decisiva que isso pode ter para o bem-estar e o pleno desenvolvimento de uma pessoa com deficiências físicas ou mentais. Pela importância dessa terapia, que beneficia um universo considerável de pessoas com necessidades especiais, sou autora de um Projeto de Lei, que tramitou na Senado sob nº 456, de 2003, que prevê tornar disponível, no Sistema Único de Saúde, o recurso terapêutico da equoterapia.
Dados os benefícios únicos que essa terapia pode proporcionar, nada mais justo do que torná-la acessível a todos que delas poderiam se beneficiar, por meio do SUS. Foi essa a minha intenção ao apresentar o Projeto.
A prática é, inclusive, reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como “método a ser incorporado ao arsenal de métodos e técnicas direcionadas aos programas de reabilitação de pessoas com necessidades especiais”.
Os pacientes da equoterapia têm obtido resultados extraordinários com a técnica, que trabalha aspectos afetivos, cognitivos, motores e sensoriais, proporcionando benefícios não só físicos, como também psicológicos, educativos e sociais.
Infelizmente, a equoterapia é uma atividade cara, pois envolve, além de eqüinos especialmente treinados, profissionais altamente qualificados. Por isso, a importância da inclusão da terapia entre aquelas oferecidas gratuitamente pelo SUS.
Tal medida é amplamente justificada quando levamos em consideração o fato de que, segundo dados do IBGE, 29% dos quase 25 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência vivem em situação econômica precária.
Aprovado no Senado, o Projeto se encontra na Câmara Federal, na Comissão de Constituição e Justiça aguardando votação. Espero que os deputados se sensibilizem para a importância da matéria.