“Dilma não respeita os delatores. E nós não a respeitamos mais”, por Alberto Goldman

Acompanhe - 01/07/2015

Alberto-Goldman-foto-DivulgacaoDilma Rousseff ultrapassou os limites da razoabilidade em suas declarações públicas.  Está mais perdida do que cachorro que caiu da mudança.  Fazer a comparação entre a delação premiada de alguns criminosos para diminuir a pena a que estão sujeitos e a delação que era imposta, sob tortura, aos presos políticos da ditadura é inominável.

A delação premiada é matéria de uma lei que foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff.  Faz parte do arcabouço legal e é para ser utilizada – dentro de regras estabelecidas lei – para incentivar criminosos a confessar seus crimes e a contar tudo o que sabem.  Tem sido muito útil e é responsável pelo sucesso das investigações sobre a corrupção no governo petista.

A tortura praticada pela ditadura para obter confissões não é autorizada em nenhum texto legal.  Pelo contrário, a tortura é um crime e foi utilizada largamente durante o período ditatorial.

A delação premiada é uma ferramenta da democracia.  A tortura é ferramenta da ditadura.  Em nada se assemelham.

Delatores que se envolveram em crimes não precisam ser respeitados.   Delatores que fazem a delação premiada são criminosos, réus confessos.  Porque haveríamos de respeitá-los? Querem evitar penas pesadas e, se possível, manter uma parte do patrimônio.  Falam a verdade porque isso agora lhes interessa.  Menos mal para o país.

Quanto aos delatores que foram produto da tortura do regime ditatorial, eles têm, ao menos, nossa compreensão. Queriam preservar a vida.

Esses empresários delatores que Dilma diz que não respeita eram, até bem pouco tempo, seus interlocutores, se não amigos.  Forneciam-lhe os recursos para as suas campanhas e alimentavam com carinho o seu Partido.

Por isso nós não a respeitamos e julgamos que não tem mais condições de manter no país um mínimo de governabilidade.

Fica também, cada vez mais claro, o papel que seu mentor, o Lula, tem tido desde o início do período petista. É o grande articulador, o cabeça, o motor da manutenção do PT no poder e da tentativa de seguir comandando algumas décadas mais.

Não vai dar.  Chegaram ao fundo do poço.  Não são nem mais uma pálida sobra do que foram.  Perderam tudo de bom que poderiam apresentar.

Cabe-nos organizar uma frente para reconstruir o país.  Quando mais cedo, melhor.

Publicado no Blog do Goldman

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01/07/2015