“Dilma se equivoca com relação à Lava-Jato”, editorial do jornal O Globo

Texto relata que explicação da presidente Dilma Rousseff sobre queda do PIB nacional é inverossímil

Acompanhe - 29/07/2015

Editorial do jornal O Globo publicado nesta quarta-feira (29)

Dilma se encontra com governadores do NordesteAutoridades têm óbvias conveniências e limitações que condicionam seus pronunciamentos. Ministros da Fazenda, por exemplo, são sempre otimistas com os rumos da economia. E presidentes, com o próprio país. Entende-se, mas a questão é saber se acreditam no que dizem. Dilma não é a primeira pessoa a despachar no gabinete presidencial, no Planalto, que responsabiliza o exterior por toda maior dificuldade brasileira. Mesmo quando a economia americana se recupera há meses seguidos, como acontece agora.

O arrefecimento da China é ruim para exportadores de commodities, o Brasil entre eles. Mas não chega a explicar toda a amplitude dos problemas nacionais: inflação na fronteira dos dois dígitos, recessão e todas as suas consequências malévolas — desemprego, perda de renda, agravamento das desigualdades, e assim por diante.

A última pesquisa Focus, feita pelo Banco Central semanalmente junto a analistas das principais instituições financeiras, ampliou a previsão de retração do PIB, este ano, para 1,76%. E há quem já projete 2%, uma recessão de razoáveis dimensões para a economia brasileira.

Em reunião com políticos da base do governo, na segunda-feira, a presidente Dilma disse que a Operação Lava-Jato “provocou uma queda de um ponto percentual no PIB brasileiro”. Não informou como chegou ao número.

Mas se trata de uma estimativa inverossímil. Tanto quanto relacionar a crise brasileira ao exterior. A Lava-Jato, é fato, tem repercussões nas maiores empreiteiras do país e na Petrobras, maior empresa brasileira, porque, no circuito entre elas, deu-se o maior caso de corrupção da República. E é provável que no Império também não tenha ocorrido algo igual. Trata-se de crime que não pode ficar impune. A perda de ritmo de investimento da Petrobras, porém, é parte pequena no cenário da crise. Que, em 2013, já sinalizava que viria. No ano seguinte, a economia rateou, e o PIB terminou praticamente estável, com um crescimento ínfimo de 0,1%.

Clique AQUI para ler a íntegra do texto.

Temas relacionados:

X
29/07/2015