Opinião | Do passado que construiu o Brasil, para o futuro que ele precisa

Por Jorge Lopes Cançado*
O PSDB que o Brasil conheceu cumpriu, com relevância, o papel que a história exigiu dele. Nascido da redemocratização, formado por grandes quadros e intelectuais, o partido foi, e continua sendo, fundamental para a construção da estabilidade institucional e econômica do país.
Graças ao PSDB, com o Plano Real, o Brasil venceu a hiperinflação que corroía o salário das famílias brasileiras. Também no governo do PSDB, o SUS foi consolidado e o acesso à saúde democratizado,
assim como a criação dos medicamentos genéricos e o enfrentamento da epidemia de HIV com políticas sérias, reconhecidas internacionalmente. Na educação, o Fundef iniciou políticas de valorização dos professores e levou milhões de crianças para a escola.
Na gestão pública, a Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu um padrão de moralidade e equilíbrio nas contas públicas que ainda hoje é referência. No campo social, o Bolsa Escola abriu caminho para as políticas de transferência de renda no Brasil, ligando o benefício ao acesso das crianças à educação. Nas telecomunicações e infraestrutura, o PSDB promoveu as desestatizações que tiraram o Brasil do atraso e abriram caminho para a conectividade do século XXI.
Foi nesse mesmo período que o país se abriu para o mundo, com uma política externa responsável e uma economia integrada aos fluxos globais, estimulando exportações, atraindo investimentos e fortalecendo a presença internacional do Brasil.
Desde sua fundação, o PSDB governou 19 estados brasileiros, sendo protagonista nos governos mais estruturantes dos dois maiores estados do país: 28 anos em São Paulo, com políticas públicas premiadas em saúde, transporte e segurança; e 16 anos em Minas Gerais, com avanços em educação, infraestrutura e gestão responsável que virou modelo nacional. Mas o tempo passou. A sociedade mudou. A política mudou. Vivemos em um Brasil mais conectado, mais engajado e também mais impaciente. Hoje, o trabalhador não busca apenas emprego formal. Quer autonomia.
O empreendedorismo, o trabalho autônomo e o impacto das redes sociais redesenharam o mercado de trabalho.
Os sindicatos perderam protagonismo, enquanto o peso das igrejas, evangélicas e católica, cresceu no cotidiano das famílias brasileiras.
A fome continua um desafio, mas hoje, o que move a maioria da população são temas como segurança, mobilidade, acesso à tecnologia, saúde acessível e oportunidades reais.
O PSDB inicia uma nova fase, atualizando sua trajetória sem abandonar suas raízes. A fusão com o Podemos é parte disso: a reorganização do centro democrático em um partido mais moderno, mais digital, mais conectado com a linguagem e as demandas de hoje. Uma força política que não vive do radicalismo dos extremos, mas da responsabilidade com o país.
Esse novo projeto político nasce com expressivo tempo de TV e recursos necessários para viabilizar candidaturas relevantes em todo o país.
E com isso, pode recuperar protagonismo no Congresso Nacional, elegendo parlamentares programáticos, que não estejam apenas atrás de curtidas ou cortes para redes sociais, e muito menos reduzidos a despachantes de emendas.
O Centro Democrático entra no jogo para representar os milhões de brasileiros que rejeitam a polarização. Para construir com racionalidade em meio a um ambiente tomado pela emoção, peloconfronto e pela manipulação digital.
Um partido que acredita que política é responsabilidade, não espetáculo.
O Brasil precisa de equilíbrio, coragem e preparo.
E é isso que estamos prontos para entregar.
*Jorge Lopes Cançado é conselheiro do Instituto Teotônio Vilela, membro do Diretório Nacional do PSDB, consultor e especialista em estratégia e marketing político.