“É preciso cuidar da Petrobrás”, por Adriano Pires
De O Estado de S. Paulo – O ano de 2012 para a Petrobrás deve ser registrado para não ser repetido. A produção de petróleo caiu 2,3%; o lucro, 36%; o Ebitda, 14%; e a empresa chegou a registrar prejuízo de R$ 1,35 bilhão no 2.º trimestre. A situação difícil é resultado de anos de interferência governamental na empresa. O governo do PT usou e abusou da Petrobrás – na prática, privatizou a empresa em seu benefício próprio, transformando-a em instrumento de política econômica, de política industrial e de política partidária. Esta foi a 4.ª vez em que o lucro da empresa apresentou queda no governo do PT (2004, 2007 e 2009), e foi o pior resultado desde 2004. Aliás, 2012 guarda semelhança com 2004, quando a produção de petróleo também apresentou queda de 3,1%. É importante chamar a atenção: a deterioração observada deu-se num ambiente que seria considerado um cenário perfeito para qualquer empresa petrolífera, com preço do petróleo alto, demanda por derivados crescente e quase monopólio do mercado.
O principal motivo para o péssimo resultado da empresa em 2012 foi o controle dos preços dos combustíveis, que os manteve fortemente defasados em relação ao mercado internacional. Num ambiente de forte crescimento da demanda, a Petrobrás se viu obrigada a elevar vigorosamente suas importações de gasolina e diesel, ocasionando um prejuízo de R$ 34,2 bilhões na área de abastecimento. De fato, o prejuízo dessa área cresceu 136% em relação ao ano de 2011. Aumentos de custos, baixa de poços secos e a estagnação da produção, tanto doméstica quanto internacional, foram outros fatores determinantes do frustrante resultado operacional.
O resultado de 2012 só não foi pior por causa de R$ 2,6 bilhões em receitas financeiras, oriundas de operações contábeis com títulos públicos e reconhecimento de juros de depósitos judiciais. Esse é o famoso jeitinho brasileiro, que tem sido muito utilizado pela equipe econômica.
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Adriano Pires é diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)