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“Economia do país não vai bem”, artigo de Arthur Virgílio (PSDB-AM)

Diga o que disser o Ministro Guido Mantega, o foco continuará sendo a inflação. O recente relatório trimestral explicitou a divergência entre a autoridade monetária e o mercado. O primeiro afirma que a inflação terminará o ano em 4,4%, abaixo do centro (por si só elevado: 4,5%) da meta, portanto. E o mercado aposta em 5,27%.

Acompanhe - 19/06/2012

Diga o que disser o Ministro Guido Mantega, o foco continuará sendo a inflação. O recente relatório trimestral explicitou a divergência entre a autoridade monetária e o mercado. O primeiro afirma que a inflação terminará o ano em 4,4%, abaixo do centro (por si só elevado: 4,5%) da meta, portanto. E o mercado aposta em 5,27%.

É sabido que, até meados do ano, a inflação em 12 meses desacelerará para algo próximo de 5%. A partir daí, porém, deverá voltar a subir, fechando o ano perto de 5,3%, bem acima do centro da meta. Tudo indica que o IPCA de março sairá em torno de 0,4%, resultando em 1,5% no acumulado do primeiro trimestre. Ora, como ainda teremos três trimestres pela frente, não é difícil calcular o tamanho do desafio que o governo tem pela frente.

Mais relevante do que discutir a meta deste ano, parece-me deslindar como a inflação elevada dos últimos anos e as projeções acima de 5% afetam e afetarão a economia. Desde janeiro de 2010, o IPCA acumula alta de 14% e os serviços registram aumento de 19,8%.

Conclusão: serviços e alimentação mais caros pesam, sobretudo, no bolso dos segmentos mais pobres da população.

Os trabalhadores vão ficando insatisfeitos e as greves se espalham pelo país. No Rio de Janeiro, os rodoviários da região metropolitana pararam. Em Brasília, faz cerca de 30 dias que os professores cruzaram os braços. O canteiro de construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau viraram campo permanente de conflito.

O câmbio, que já foi aliado do governo no controle da inflação, não está mais ajudando. Desde janeiro de 2010, o real já perdeu 9,4%, em termos nominais, frente ao dólar. Neste ano, a moeda brasileira está na frente apenas da japonesa, que se desvalorizou em 6,4%. O real acumula alta de 2%%, enquanto países como México e Colômbia tiveram suas moedas valorizadas em mais de 9% e as de economias ligadas às exportações de commodities, como Nova Zelândia e África do Sul, valorizaram-se, aproximadamente, 6%.

O crescimento pífio do PIB no quarto trimestre de 2011: 1,4%, ano contra ano, e 2,7% no ano fechado, são reflexos da política míope de Mantega e Dilma Rousseff, que enxerga no câmbio o principal problema do país.

Neste 2012, com todas as incertezas que o governo traz para os agentes econômicos, os primeiros dados não são nada animadores. O IBC-Br, divulgado na semana passada, evidenciou pequena queda (0,13%) em janeiro, reforçando a expectativa de crescimento fraco no primeiro trimestre.

Os números do crédito, igualmente, vieram fracos, mostrando que as famílias seguem fortemente endividadas. E a inadimplência e os juros na ponta do consumo persistem elevadíssimos, mesmo com o Banco Central tendo cortado 275 pontos percentuais dos juros.

Por falar em juros, o Presidente Tombini, do BC, deve estar lendo livros “inovadores” de macroeconomia, para considerar que, cortando os juros e, ao mesmo tempo, estimulando o consumo, os juros de mercado cairão.

Para que eles entrassem em descenso, o governo precisaria levantar de sua confortável poltrona e negociar com as instituições financeiras de forma responsável.

No ano que passou, o governo afirmou que, com a criação da central de crédito, os juros cobrados às pessoas físicas cairiam com vigor. Até agora não foi isso que ocorreu, porque falta gestão à atual diretoria do Banco Central para colocar a máquina em pleno e satisfatório funcionamento.

Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado

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19/06/2012