“Eduardo e as contas de 2013 e 2014”, artigo de Terezinha Nunes

Artigo da deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB-PE)

Acompanhe - 05/04/2013

Artigo da deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB-PE)

Roberto Soares / ALEPECriado pelo governador Eduardo Campos, o mantra “vamos ganhar 2013 para depois pensar em 2014” tem sido repetido pelo PSB pernambucano como tentativa de ganhar tempo antes de um provável rompimento político com o PT.

Na verdade, mesmo que se mantenha disposto a rachar a base aliada e enfrentar a presidente candidata à reeleição, colocando-se como mais uma opção na sucessão presidencial, o governador quer esticar a corda até onde der com receio de reação prematura do ex-presidente Lula, quase tão popular quanto ele em terras pernambucanas. E infinitamente mais forte se for analisado o panorama nordestino.

Nos arredores do Palácio do Campo das Princesas, no entanto, socialistas já cuidam de 2014, antes mesmo de terminar 2013. Projetam inúmeros cenários na busca por descobrir como se comportará o eleitorado regional, onde Dilma recentemente conseguiu mais de 85% de aprovação, caso o governador resolva, afinal, se desgarrar dos atuais aliados.

E as análises não têm sido tão tranquilas quanto deixam a entender esses mesmos atores quando falam “entre aspas” para a imprensa local e nacional.

Na Assembleia Legislativa estadual, por exemplo, nove entre 10 deputados governistas imaginam que Eduardo, hoje com mais de 70% de aprovação, não passará, na melhor das hipóteses, dos 60% dos votos válidos em Pernambuco, ficando a presidente Dilma com 25 a 30% e o restante dividindo-se entre o senador Aécio Neves e Marina Silva.

Nos demais estados nordestinos a situação é incerta e complicada. Ninguém, porém, acredita que Eduardo consiga bater Dilma em qualquer um deles.

Na Paraíba, estado vizinho a Pernambuco e comandado pelo governador socialista Ricardo Coutinho, pesquisa realizada recentemente pelo Ibope concluiu que Dilma teria hoje 63% dos votos, o senador Cassio Cunha Lima, que não é candidato a presidente, mas teve o nome colocado na enquete, teria 27%, Aécio ficaria 3,5% e Eduardo com inexpressivos 1,5%.

No estado do Ceará, comandado pelo socialista Cid Gomes, a situação também não é boa para Eduardo. Além da tradicional rivalidade entre cearenses e pernambucanos, Dilma desponta como favorita não só pelo apoio velado do próprio Cid e do irmão Ciro como porque o PT cearense, conduzido pela ex-prefeita de Fortaleza Luiziane Lins, não está desgastado. Perdeu por muito pouco a prefeitura da capital.

Em Alagoas, sob o comando do governador tucano Teotônio Vilela, o eleitorado pode se dividir entre Dilma e Aécio com Campos ficando em terceiro lugar. No Rio Grande do Norte, idem. Em Sergipe, onde o PSDB deve ter o apoio do DEM do prefeito de Aracaju, João Alves Filho e Dilma conta com o atual governador Marcelo Deda, é provável que ocorra o mesmo.

Na Bahia, onde o PSB tem pouca expressão, novamente o embate tende a ser mais entre Dilma – apoiada pelo governador Jaques Wagner – e Aécio, que pode contar com o apoio do prefeito de Salvador, ACM Neto. No Piauí e no Maranhão, Dilma vence Eduardo de longe, em qualquer cenário.

Todas estas constatações têm explicado porque a presidente resolveu visitar, a cada semana, um estado nordestino para prometer obras e assistência para os flagelados pela seca, no sentido de conter os arroubos de Campos, e o governador, por sua vez, tem viajado mais para o Sudeste e para o Sul onde o PT, como legenda, está desgastado.

Quem vencerá esta contenda? É impossível prever mais tanto Dilma como Eduardo contam, em se tratando de Nordeste, de um tremendo calcanhar de Aquiles. A seca que dizima os rebanhos da região e leva ao desespero agricultores pode se transformar em um grande drama humano até dezembro quando, se não chover, vai faltar água até para a população das capitais. No Recife, por exemplo, o racionamento já teve início e deve se agudizar.

Tanto petistas quanto socialistas já ensaiam um jogo de empurra para fugir da culpa, mas vai ser difícil enquanto estiverem os dois no mesmo barco.

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05/04/2013