“Infraestrutura”, por Danilo de Castro
Minas Gerais tem a maior malha rodoviária do país, mesmo assim o estado não tem recebido a necessária atenção por parte do governo federal em relação às estradas. O desinteresse por parte do PT não é uma novidade para os mineiros. Há pouco tempo, acompanhamos as sucessivas dificuldades na licitação da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, com os inúmeros adiamentos do edital.
Nesta semana lamentamos o desenrolar dramático da concessão da estrada entre Minas e Espírito Santo, quando nenhum investidor manifestou interesse. O fracasso do leilão da BR-262 põe à vista as dificuldades técnicas da administração petista e não só, torna claro, também, o inviável modelo de concessão, as condições inadequadas apresentadas, a baixa confiabilidade no governo federal e na avaliação econômica do negócio.
É preciso agora correr contra o tempo, como bem alertou senador Aécio Neves em seu artigo desta semana para a coluna do jornal Folha de S.Paulo. O presidente do PSDB afirmou ainda que o programa de concessões para desenvolver o setor de infraestrutura parece ser a única carta que o governo tem nas mãos para mudar o rumo da economia.
Cartada, aliás, que o PT tomou de empréstimo ao programa tucano. Durante o governo Fernando Henrique, o Brasil realizou uma experiência totalmente nova: a privatização de trechos de rodovias. Entre eles, destaco o trecho da BR-040 que liga Juiz de Fora ao Rio de Janeiro, uma iniciativa muito bem-sucedida na época. De lá para cá, os petistas recusavam-se a aderir a essa prática de transferência do que é estatal para o domínio da privada, principalmente, nessa importante área da infraestrutura.
Para o crescimento, o investimento em infraestrutura é fomento indispensável. Em Minas, as estradas têm um papel fundamental para o escoamento da produção, sobretudo, no transporte das mercadorias advindas da mineração, da agropecuária e da indústria.
Portanto, o adiamento do edital da BR-262 não é a solução, o governo federal precisa criar condições mais atraentes, diminuindo os riscos dos investidores, garantindo informações técnicas precisas e regras claras. Ainda assim, isso tudo não basta, é necessário garantir a melhoria dos serviços aos usuários a um preço justo de pedágio e oferecer estradas de boa qualidade.
Danilo de Castro é secretário de Estado de Governo de Minas Gerais