“Lula tenta se apropriar do que não fez”, artigo de Tadeu Afonso

Acompanhe - 20/12/2012

* Artigo do jornalista Tadeu Afonso

O “companheiro” Lula pode ser processado por pirataria por tentar assumir a autoria da inclusão social do Brasil e se apresentar como o “pai dos pobres”. Para os brasileiros, esse título pertence a Getúlio Vargas, que o “companheiro” dizia combater em seus esquecidos tempos de sindicalista. O PTB e o PDT deveriam processá-lo.

Quando se apresenta como iniciador da inclusão social, Lula comprova que só continua lendo as seções de esportes dos jornais.

O “companheiro” precisa fazer um cursinho intensivo sobre a história recente do país.

O resgate da dívida social de cinco séculos de abandono começou a 1º de julho de 1994, quando o Plano Real entrou em vigor, quebrando a espinha dorsal da hiperinflação que animava a especulação financeira e condenava aos pobres à desesperança.

O ódio de Lula ao Plano Real é compreensível. O PT foi furiosamente contra ele, ficando a favor da hiperinflação, da especulação e da miséria, como o demonstrou, ainda em 94, Aloizio Mercadante, candidato a vice-presidente na chapa do “companheiro”.

Naquele ano, Mercadante apareceu nas TVs comemorando um resquício de 6% da inflação no primeiro mês do Real. O então jovem petista “esquecia-se” de que, até então, a inflação mensal chegava a mais 50% ao mês.

A inclusão dos pobres e deserdados começou com o Real – e não depois de 2003, com o PT.

Em julho de 96, o número de pobres já havia caído de 16 milhões para 11 milhões.

Em agosto desse mesmo ano, os setores mais pobres da população já haviam se antecipado ao “Minha Casa, Minha Vida” e estavam consumindo 1,28 milhão de toneladas de cimento na construção de lajes e puxadinhos na periferia das grandes cidades. As vendas de tubos de PVC haviam subido 32,6%, a de pisos e revestimentos plásticos, 57,4%.

A marmita estava em extinção, sendo substituída pelo tíquete-refeição e os mais pobres passavam a comer mais e melhor.

A venda de alimentos nos supermercados cresceu 86% entre janeiro de 94 e setembro de 1996. O IBGE calculava que o salário médio real dos trabalhadores aumentara 27%. Os assalariados com carteira assinada ganharam 20%. Um quilo de salsicha custava quase a mesma coisa que um quilo de pão. Um quilo de frango custava pouco mais de um real, o mesmo preço de uma dúzia de bananas, um maço de cigarros ou duas xícaras de café expresso. O consumo de leite aumentara 20% desde 1994.

O consumo per capita de frango subiu de 19 quilos por ano, em 94, para 23 em 1996. Houve aumento de 50% nas vendas de salsicha, presunto e produtos congelados. O consumo de hambúrgueres, pratos prontos, aves e carne congelada saltou 70% em 2 anos.

O frango foi a bandeira mais vistosa do Real: 45% das pessoas das classes C e D passaram a comer carne.

A dona de casa Ercília Aparecida da Silva dizia que ela e a família comiam frango apenas duas ou três vezes por mês. Depois do Real, eram três vezes por semana.

Os pobres também começaram a viajar e a ter carro também muito antes de Lula.

Creuza Silva do Nascimento ganhava mil reais antes do Real. Passou a ganhar 2.500 reais porque tinha mais freguesas. Já havia comprado telefone, eletrodomésticos, computador e um carro. Morava num apartamento alugado em Madureira. Financiou um apartamento de dois quartos e se mudou para Jacarepaguá.

Segundo a CVC, o número de pessoas que viajaram ao exterior pela primeira vez aumentou 50%. Era gente que ganhava até mil reais em 96. Uma passagem para Cancun podia ser parcelada em 15 pagamentos de 100 reais.

E, por fim, o milagre da reprodução da qualidade da vida: com o Plano Real, aumentou em 20% o nascimento de crianças.

Lula continua surfando na onda da inclusão do Plano Real. E sem pagar direitos autorais.

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20/12/2012