“Nebulosas transações”, por Antonio Imbassahy
O país exige da Petrobras explicações sobre os motivos que levaram a empresa a adquirir a refinaria Pasadena
Artigo do deputado federal e líder da bancada de oposição no Congresso Nacional, Antonio Imbassahy (BA)
A nação exige da Petrobras explicações sobre os motivos que levaram a empresa a adquirir a refinaria Pasadena, no Texas (EUA), em transações que já lesaram em mais de US$ 1,1 bilhão os cofres da empresa. Quer saber quais foram os interesses, partidários ou de qualquer outra natureza, que suscitaram tão suspeitos negócios, levando-se em conta que, a preço de mercado, Passadena não vale hoje mais de US$ 100 milhões. É uma refinaria obsoleta que para produzir a contento, dentro dos atuais padrões internacionais, vai exigir novos e altos investimentos do governo brasileiro. A pergunta é: quem, afinal, propôs e autorizou essa negociata?
Buscando respostas aprovamos há pouco (15.03), na Câmara de Deputados, um requerimento convocando a presidente da Petrobras, Graça Foster, para que esclareça essa lesiva operação diante da Comissão de Segurança Pública, já que nela há fortes suspeitas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Encaminhamos também requerimentos ao ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, solicitando informações detalhadas e complementares que possam esclarecer, de vez, essas transações. Entendo que não há como tergiversar sobre assunto tão grave.
Relembrando fatos: Tudo começou em 2005, quando Passadena foi adquirida pela belga Astra Oil Company por apenas US$ 42,5 milhões. Em setembro de 2006 a Petrobras confirmou a compra de 50% da refinaria por US$ 360 milhões junto à mesma Astra que, não por acaso, tinha um ex-funcionário da Petrobras como um dos seus executivos. Essa transação, por si só, já era um descalabro. Mas não ficou nisso: Não se sabe bem o porquê, depois da descoberta do pré-sal em costas brasileiras, a Astra recorreu à Justiça Americana para que a Petrobrás fosse obrigada a comprar os outros 50% de Passadena. A empresa brasileira enredou-se com a questão e fechou um acordo extra-judicial com os belgas que lhe custou mais US$ 820 milhões (inclusive despesas com advogados), para encerrar os litígios, em junho de 2012. Ou seja: a refinaria que custou 42,5 milhões de dólares para a Astra, estourou em 1,18 bilhão de dólares os cofres da Petrobras. Absurdo.
O Ministério Público Federal desde o ano passado apura o caso que, além do prejuízo irresponsável, significa um desrespeito à Petrobras, que completa em outubro 60 anos, um ‘orgulho nacional’, empresa que é do povo brasileiro e não do partido que está no poder e que, de forma desavergonhada, vem aparelhando e se servindo dela em seus propósitos eleitoreiros. Isso tem causado danos que já assustam, como a queda no valor das ações em até 50%, desinvestimentos continuados, descumprimento de metas estabelecidas, aumento de custos operacionais e administrativos, queda da empresa no ranking internacional e aumento das importações de derivados, entre outras mazelas.
A questão da estranha e suspeita compra da refinaria Passadena teria sido apenas um ‘mau negócio’ ou foi uma negociata para ‘lavagem’ e desvio de recursos com fins partidários? José Sérgio Gabrielli, amigo do ex-presidente Lula e do José Dirceu, era o presidente da estatal quando tudo aconteceu; a Presidente do Conselho de Administração da Empresa era Dilma Rousseff, hoje Presidenta da República. Como bem escreveu o senador Aécio Neves, o slogan ‘O petróleo é nosso’ que arrebatou o país inteiro nos tempos da fundação da Petrobras não significa, hoje, que a Petrobras seja propriedade dos que ora ocupam poder. A Petrobras é do povo brasileiro e queremos explicações sobre o uso indevido e inescrupuloso que estão a fazer da empresa. A começar pelas obscuras contas e razões de compra da Passadena.