“No meio do caminho, uma boa escola”, artigo de Antonio Anastasia
Uma escola pública dos anos 50, localizada coincidentemente no meio exato do longo caminho entre Belo Horizonte e Brasília, está entre as instituições e personalidades merecedoras da Medalha Juscelino Kubitschek, que entregamos todos os anos em Diamantina, em 12 de setembro, aniversário de JK.
Artigo do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), publicado na edição de terça-feira (18) do jornal O Globo
Uma escola pública dos anos 50, localizada coincidentemente no meio exato do longo caminho entre Belo Horizonte e Brasília, está entre as instituições e personalidades merecedoras da Medalha Juscelino Kubitschek, que entregamos todos os anos em Diamantina, em 12 de setembro, aniversário de JK. Com a nota 8,0 no Ideb 2011 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), elaborado pelo Ministério da Educação, a Escola Estadual Professor Modesto, de Patos de Minas, inscreveu-se entre as melhores do estado e do país. A premiação é um reconhecimento não só de seu mérito incontestável: a escola simboliza também o excepcional desempenho obtido como um todo pela nossa rede de ensino.
Campeã do Ideb, Minas Gerais tem hoje, segundo parâmetros de avaliação continuada do rendimento escolar, a melhor educação básica do país.
Por qualquer recorte que se faça nos resultados atualizados do Ideb para os primeiros anos do ensino fundamental (1º ao 5º anos), considerando-se a rede estadual isoladamente, ou o conjunto de todas as redes (estadual, municipal e particular), a posição do estado se mantém inalterada no primeiro lugar. No Ideb de 2009, a rede estadual mineira já liderava esse ranking com o índice 5,8. Em 2011, Minas atingiu o índice 6 no Ideb – padrão dos países desenvolvidos. Ao se esforçar desta maneira, a comunidade escolar pública, com seu alto capital humano, realizou o fenômeno de nos lançar no futuro, uma década à frente: o conhecimento demonstrado por nossas crianças em português e matemática alcançou a meta brasileira estimada para o longínquo 2021. Um feito e tanto, que certamente satisfaria JK, o estadista dos sonhos e das grandes metas.
A despeito de nosso orgulho, desejamos, mais do que comemorar, compartilhar experiências e desafios. O que nos levou a este resultado, suplantando estados mais homogêneos, como Santa Catarina, e mais ricos, como São Paulo? Com 853 municípios, diferenciados economicamente, e a segunda maior rede de ensino, teríamos justificativas para o fracasso. Ocorre que, desde a redemocratização, Minas persegue sem trégua – e com redobrada perseverança a partir de 2003 -, o sucesso na Educação.
Nos últimos cinco anos, a revolução que garantiu o salto de qualidade chama-se Programa de Intervenção Pedagógica (PIP). O PIP leva professores especialistas às escolas estaduais para melhorar a leitura dos alunos, a compreensão dos textos e também o desempenho em matemática.
Para crescer ainda mais, em 2012, o programa chegou às séries finais (6º ao 9º anos) – etapa do ensino básico na qual já ocupamos a vice-liderança do Ideb. E, para manter a vanguarda, temos pela frente outra grande tarefa, que é a reinvenção do ensino médio. Mesmo com a 3ª melhor rede estadual do país, estamos reformulando o currículo, aumentando a carga horária e aproximando o ensino médio do mundo do trabalho, para avançar de forma mais vigorosa.
Reconhecidas não só pelo MEC, mas também por premiações do Consed (Conselho Nacional dos Secretários de Educação), experiências incrivelmente inovadoras e eficazes proliferam hoje em nossa rede pública. Sejam as escolas modernas e grandes da capital, as pequenas e rurais, ou as tradicionais das cidades médias, como a Escola Estadual Professor Modesto, essas unidades de ensino têm em comum a opção por um trabalho responsável e transformador – digno, sim, das mais altas condecorações. Nossos professores e alunos mostram que Minas, sempre singular em sua total brasilidade, é parte de um país sério, que se erguerá pela Educação.