“O Brasil mudou”, artigo de Ademar Traiano

Artigo de Ademar Traiano, deputado estadual (PSDB-PR) e líder do governo na Assembleia Legislativa

Acompanhe - 11/10/2012

* Artigo de Ademar Traiano, deputado estadual (PSDB-PR) e líder do governo na Assembleia Legislativa

Quem afirmasse, um ano atrás, que um ex-presidente da Câmara Federal (que chegou a ocupar a Presidência da República), um ex-chefe da Casa Civil (que tinha fama de mandar mais que o presidente) e um ex-presidente do partido que está no poder, estariam na bica de ir para a cadeia depois de condenados por maioria esmagadora de votos no Supremo Tribunal Federal – por corrupção – poderia ser tachado de louco.

Pois é esse o destino que se descortina para o deputado federal João Paulo Cunha (o ex-presidente da Câmara Federal), para o ex-todo-poderoso José Dirceu (o ex-chefe da Casa Civil) e para José Genoíno (o ex-presidente do PT). O histórico de impunidade dos ricos, famosos, bem nascidos e, principalmente, dos poderosos, que se acostumou associar, no Brasil, a essência do país, virou de cabeça para baixo com o julgamento do mensalão.

Foi esse histórico de impunidade que levou o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, a fazer uma previsão que se revelou dramaticamente errada. Em outubro de 2005, Delúbio disse, ao jornal O Estado de S. Paulo, que as denúncias do mensalão seriam esquecidas e que iriam virar “piada de salão”. Delúbio foi condenado por unanimidade por corrupção ativa e a possibilidade que venha cumprir pena em regime fechado é grande.

Sete anos depois que explodiu o escândalo do mensalão – com a denúncia do deputado Roberto Jefferson a Folha de S. Paulo – a maioria absoluta dos 37 réus está sendo condenada. Um time seleto, que reúne políticos importantes, presidentes de partidos, banqueiros e publicitários. Pelo menos oito políticos, três banqueiros e vários empresários devem passar os próximos anos em penitenciárias.

Pedra por pedra o STF demoliu o edifício de mentiras montado pelos caríssimos advogados dos mensaleiros para ocultar o maior escândalo de corrupção política da história do Brasil. Virou pó a tese de que montanhas de recursos não eram mais que o “inocente” caixa-dois de campanha do PT.

Foi provado que se tratava de desvios de recursos dos cofres públicos, da contratação de empréstimos fraudulentos para esconder a origem e o destino do dinheiro roubado do erário para a compra de apoios no Congresso Nacional. Um ataque direto a democracia brasileira patrocinada pelo PT.

Ficou provado que a cúpula do governo do PT e o alto comando do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, usaram dinheiro desviado dos cofres públicos para subornar parlamentares e comprar apoio de partidos políticos para o governo Lula.

Qual o significado disso tudo? As respostas podem ser encontradas nas falas do historiador Marco Antonio Villa, que observou: “[O julgamento do mensalão representa] um carimbo de corrupção sobre o governo Lula, onde Dirceu era uma espécie de primeiro-ministro”.

A conclusão do historiador é complementada pela de um músico. O maestro Julio Medaglia: “O Brasil civilizado está feliz com as condenações. Quem sabe nossa Justiça não fica mais eficiente daqui em diante? A ver se chegam ao Lula no futuro. É impossível que o presidente não tivesse sabido”.

Não dá para deixar de concluir que o Brasil mudou desde o início do julgamento do mensalão. E a conclusão mais evidente é que o país mudou para melhor.

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11/10/2012