“O chavismo morreu. O velório começou. O enterro é questão de tempo.”, por Alberto Goldman
Mesmo que não tenha havido fraudes – o que diante do total controle do governo sobre as instituições na Venezuela é difícil acreditar – e mesmo que uma recontagem confirme os resultados eleitorais da escolha do Presidente da República, o candidato chavista, Nicolás Maduro, foi derrotado. A oposição, com 49% dos votos, apenas 1,6% abaixo do candidato oficial, mostrou que o país está, no mínimo, dividido meio a meio, com forte rejeição ao chavismo.
Maduro concorreu enquanto exercia a Presidência. As políticas assistencialistas implantadas por Hugo Chavez, regadas pela abundância e alto preço do petróleo que o país possui, tornaram milhões de venezuelanos reféns do governo federal. Os meios de comunicação, inclusive radios e TVs, foram quase todos estatizados ou submetidos à vontade do governo federal. Os adversários foram tratados, perante à população, como bandidos. O candidato/presidente Maduro usou de todos os meios para provocar emoções na população, não só transformando Hugo Chavez em um santo, mas também levantando a hipótese do ex presidente ter sido assassinado pela CIA, Central de Inteligência Norte Americana. Finalmente, durante semanas, a imprensa divulgou pesquisas que davam Maduro na frente do oposicionista Capriles com diferenças entre 7% e 12%.
Pois tudo isso foi insuficiente para uma vitória retumbante de Maduro, como toda imprensa mundial esperava. Nem mesmo o argentino Diego Maradona, participante dos seus comícios, ajudou a não ser pela experiência que tem de fazer gols com as mãos, se a fraude for confirmada. O fato é que ao atingir 49% dos votos, mesmo na contagem oficial, a oposição iniciou o velório do regime chavista. O enterro é questão de tempo. Maduro, mantido o regime imposto pelo antecessor, não terá condições de governar. Que isso seja o início de uma transição para um novo tempo, respeitando conquistas sociais que tenham havido nos anos que se passaram, mas que abram o caminho para um país desenvolvido que respeite as instituições democráticas.