“O golpe do desespero”, por Marcello Richa
Artigo do presidente do Instituto Teotônio Vilela do Paraná, Marcello Richa
De tanto insistir na palavra “golpe”, finalmente o PT e seus aliados a tentaram colocar em prática nessa segunda-feira (9), por meio do presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP). Com uma decisão juridicamente inexistente e unilateral, em que ocorreu preclusão, Maranhão atendeu os apelos do governo e tentou anular a votação do impeachment, atropelando a Constituição e o Regimento Interno da Câmara. Uma tentativa desesperada que, como era de se esperar, não deu certo.
A decisão foi tão infeliz que apenas algumas horas depois, após ver a reação negativa de sua tentativa de ajudar o governo federal, Maranhão revogou a anulação. Ainda assim, o dano que causou a imagem do país foi enorme, com repercussão internacional e que afetou diretamente a economia e a credibilidade do Brasil.
Para piorar o cenário, mesmo sabendo que ocorreu preclusão, uma vez que não se tratava de um ato anulável e que o processo de impeachment já nem se encontrava mais na jurisdição da Câmara dos Deputados, aliados de Dilma Rousseff comemoraram a decisão. Ao invés de trabalharem em uma defesa sólida, se é que é possível fazer isso dado os claros crimes de responsabilidades cometidos pelo governo Dilma, preferem se apoiar em uma decisão que sabem que é ilegal.
De toda forma, mesmo antes do deputado Waldir Maranhão revogar a anulação, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) já havia ignorado a decisão do presidente interino da Câmara, a qualificando como “brincadeira com a democracia”, e deu continuidade à tramitação do impeachment, que será votada nesta quarta-feira (11).
Esse lamentável episódio serviu apenas para deixar escancarada a defesa seletiva de moralidade empregada pelo PT e seus aliados. Waldir Maranhão é investigado pela Lava Jato e responde no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Por agir como uma marionete aos interesses da agenda de poder petista, nenhum deputado ou senador do PT, PCdoB ou Psol questionou sua legitimidade para presidir a Câmara, como fizeram com o presidente anterior. Ao que parece, corrupto só é corrupto quando estão contra seus interesses.
No fim, desesperados por saberem que irão pagar pelos crimes que cometeram e pela incompetência que conduziram o governo, o PT tenta de todas as formas prolongar o processo de impeachment. Para eles, pouco importa se as atitudes que tomam não possuem base jurídica, atrapalham nossa economia ou tira a credibilidade do Brasil, o que vale é estender o seu tempo no poder. Para a sorte do nosso país, esse tempo está acabando.