“O nome da crise é Dilma, o sobrenome Rousseff”, por Aloysio Nunes Ferreira
Generaliza-se na sociedade a constatação de que o Brasil perdeu o rumo e de que faltam à presidente Dilma Rousseff o tirocínio, a habilidade e o discernimento necessários para desfazer os inúmeros nós que estrangulam a vida política, econômica e administrativa do País.
O cenário econômico brasileiro é preocupante, em particular porque, diante da crise que se agrava, o governo não consegue sair do estado de abulia em que há muitos meses se encontra, mostrando-se incapacitado para reverter o processo recessivo em que fomos empurrados pela incompetência e a incúria de nossos próprios gestores.Na América do Sul, apenas um país se encontra em situação mais desastrosa do que a nossa: a Venezuela bolivarianista, cujo Produto Interno Bruto deve cair 10% este ano.
Assim como a Venezuela, logramos a “façanha” de unir queda da atividade econômica com aumento de inflação. As sequelas dessa malévola conjunção são bem conhecidas: maior desemprego, desindustrialização e mais sofrimento para todos, em particular para as pessoas de menor renda.
Com desempenho econômico tão pífio, o Brasil compartilha com a Rússia (que está enfrentando um amplo bloqueio econômico) o lugar de lanterninha entre os BRICS. Os outros três países do grupo – China, Índia e África do Sul – apresentarão crescimento positivo.
O declínio da atividade econômica, somado à desvalorização do real, vai trazer uma notícia muito negativa para o Brasil no final do ano, quando o Banco Mundial publicar a nova lista das principais economias do mundo: vamos cair da 7ª para a 13ª posição. Vários países vão nos ultrapassar nesse ranking: Itália, Canadá, Índia, Coréia do Sul, Espanha e, possivelmente, também a Austrália.
A notícia ontem divulgada, de que o PIB brasileiro caiu 1,7% no terceiro trimestre deste ano, deve ser lida sob a perspectiva correta. Essa foi a queda que se observou em relação ao trimestre anterior. Mas quando se compara ao terceiro trimestre de 2014 – que é a comparação adequada – nosso PIB caiu impressionantes 4,5%.
As notícias e comentários hoje publicados nos principais jornais do mundo, demonstram o quanto nossos parceiros internacionais estão preocupados com a decomposição da situação econômica do País. Jornais importantes lembram de que se trata do pior resultado apresentado pelo Brasil desde a grande recessão dos anos 1930.
A essas más notícias somam-se outras, inúmeras, sobre novas ramificações dos esquemas de corrupção investigados pela Polícia Federal e pela Justiça, cuja atuação transmite o sinal positivo de que nem todas as instituições no País entraram em colapso. A oposição, no Senado Federal, deixou clara sua posição no processo de manutenção da prisão do Líder do Governo.
Como o Governo até agora não logrou apresentar uma proposta aceitável para acertar as contas públicas, é sério o risco de que na próxima rodada de avaliação – a ocorrer muito em breve -, as agências de classificação de risco decidam rebaixar o status creditício do Brasil. A Fitch, que em outubro foi a única instituição que ainda nos deixou no “grau de investimento”, deve agora nos jogar para a vala comum do “grau especulativo”.
Em suma, é hora de as pessoas responsáveis deste País começarem a refletir sobre como assegurar a governança do Brasil. A perspectiva do impeachment da Presidente da República deve ser tomada a sério, pois a nossa crise tem um nome: Dilma. E sobrenome, Rousseff.
* Aloysio Nunes Ferreira é senador (PSDB-SP) e preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal. O artigo foi publicado no Diário do Poder.