“O PT está matando a Petrobras”, artigo de Ademar Traiano

Acompanhe - 28/02/2013

* Artigo do deputado estadual Ademar Traiano (PSDB-PR), líder do governo na Assembleia Legislativa

Ademar traiano Foto ALNenhuma empresa brasileira tem a importância, o simbolismo e a história da Petrobras. No imaginário do brasileiro a empresa se confunde com o país e seu sucesso é quase tão celebrado quanto os êxitos da seleção brasileira de futebol.

Em 2006, no terceiro ano de governo do PT, o então presidente Lula anunciou a descoberta de petróleo na camada do pré-sal. Com o habitual estilo fanfarrão e boquirroto, afirmou que se tratava de um “bilhete premiado” que seria “redenção nacional”.

A legislação foi mudada para que só a Petrobras pudesse explorar essa “dádiva de Deus”. Sete anos depois o petróleo do pré-sal continua uma miragem, mas a Petrobras é uma empresa que coleciona indicadores espantosamente negativos. É hoje a mais desvalorizada, a que tem a menor rentabilidade e a mais endividada entre as 10 maiores companhias de petróleo do mundo.

A tarefa de matar a Petrobrás, iniciada por Lula, foi continuada, no capricho, por Dilma Rousseff. A empresa foi usada como instrumento de política econômica e marketing político. Para segurar a inflação e manter elevada a popularidade presidencial o governo vem mantendo os preços da gasolina artificialmente baixos nos últimos quatro anos. Enquanto isso, os custos de operação dobraram, a produção de petróleo caiu e a Petrobras tem problemas de caixa.

Como a Petrobrás é obrigada a importar – a preços do mercado internacional – parte considerável do combustível consumido no Brasil (a auto-suficiência do petróleo nunca passou de outra bravata de Lula), a empresa vive uma situação absurda: quanto mais gasolina ou diesel vende, mais perde dinheiro.

O setor de abastecimento da empresa teve um prejuízo 130% maior do que em 2011, de R$ 23 bi, por causa da diferença entre o custo de importação do diesel e da gasolina e o preço cobrado no mercado interno. O lucro da Petrobras caiu 36% entre 2011 e 2012. Sem dinheiro para procurar a petróleo a empresa vê a sua produção declinar. Caiu em 2012 e não vai aumentar em 2013.

O endividamento da Petrobras também subiu (43%) e já representa 30% do patrimônio líquido. Se chegar a 35%, a empresa pode perder o grau de investimento. Ou seja, será vista como uma companhia com risco de dar calote. Perder o grau de investimento seria trágico para a Petrobras que teria de pagar muito mais para conseguir dinheiro para se financiar.

Além de usar a Petrobras para represar a inflação e aditivar a popularidade de Dilma, o governo do PT envolveu a empresa em negócios tenebrosos com o refino de petróleo. No setor de petróleo o refino é a atividade menos lucrativa, a margem de lucro é de 5% enquanto a exploração pode chegar a 35%.

Pois a Petrobras enterrou na construção de refinarias R$ 35 bilhões só em 2012, inclusive torrou dinheiro numa bizarra refinaria bolivariana em Pernambuco, a Abreu de Lima. Ela seria construída em parceria com a Venezuela de Hugo Chávez. O empreendimento custará US$ 20 bilhões (nove vezes o orçamento inicial), mas os venezuelanos não compareceram com um único tostão até agora. Para piorar as coisas, a Abreu de Lima foi projetada para refinar petróleo da Venezuela, que é diferente em densidade do produzido no Brasil.

A Petrobras, que chegou a ser a segunda maior petroleira do mundo, atrás apenas da gigante americana Exxon Mobil, ocupa hoje a sétima posição. Não é nem mesmo a maior da América Latina, está atrás da colombiana Ecopetrol.

O PT, com uma mistura explosiva de irresponsabilidade, megalomania e absoluta incompetência, está matando a galinha dos ovos de ouro das empresas públicas brasileiras. É tempo de os brasileiros, inclusive aqueles que investiram o dinheiro do FGTS na Petrobras, cobrarem responsabilidade com o interesse público por parte do governo federal.

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28/02/2013