“O salgado arroz e feijão nosso de cada dia”, por Thelma de Oliveira
Presidente do PSDB-Mulher analisa o mau desempenho da economia nacional.
Artigo da presidente nacional do PSDB-Mulher, Thelma de Oliveira
O Brasil caminha para as eleições municipais com uma grave notícia para os brasileiros: o próprio governo Dilma refez suas contas e estima que o crescimento do produto Interno Bruto (PIB) não chegará a 2%. Previsão, aliás, otimista.
Finalmente o governo assumiu o que todos os analistas, todos os economistas, todos os empresários e a população brasileira já sabiam: o Brasil está parando, devagarinho como uma pequena marola que ao logo dos séculos corrói a rocha litorânea.
Lento até na percepção do quadro real da economia brasileira, o atual governo petista vem adotando medidas paliativas para tentar consertar os equívocos cometidos durantes os oito anos anteriores e os dois atuais da gestão petista no Palácio do Planalto.
Sem dúvida, uma delas, a redução das tarifas de energia elétrica, pode impulsionar a economia brasileira, mas algumas observações precisam estar registradas para que a população conheça, de fato, as razões do ato governista.
Em primeiro lugar, há uma decisão judicial determinando a redução de algumas taxas e encargos cobrados dos contribuintes durante muitos anos. Em breve, algumas das concessões de exploração de energia hidrelétrica de empresas estão vencendo e o governo aproveita-se disso para impor uma redução a elas, no momento de renovação.
A questão é saber se essas empresas suportarão eventuais perdas, a médio prazo, estimados pelo mercado em valores da ordem de 7 bilhões de reais. E o que é um paliativo, pode se transformar num caos energético no futuro.
Porém, a carga tributária incidente sobre o consumo de energia, de impostos para o consumidor brasileiro, não será reduzida e continuará a ser uma das mais altas do mundo.
Parece incrível e inexplicável que o preço da energia elétrica no Brasil seja um dos cinco mais caros do mundo. Como isso pode ocorrer num país que coleciona em seu território quatro das maiores bacias hidrográficas do mundo – Amazonas, Araguaia-Tocantins, São Francisco e a do Paraná – e tem 75% de sua matriz de energia elétrica originária de recursos hídricos?
Falta planejamento, falta gerenciamento, falta determinação política de enfrentar esses e outros problemas estruturais do Brasil, de frente, com coragem.
Tardiamente, a atual gestão petista acena com um programa de privatização nos sistemas rodoviário, ferroviário e de aeroportuário. Mesmo assim, com certa vergonha, como já assinalei em outros artigos.
Enquanto isso, o PIB não cresce e o nosso gostoso feijão com arroz fica cada vez mais salgado e atinge preços nunca vistos antes nesse país.
Nas principais cidades, o preço do quilo do feijão e do arroz bateu todos os recordes. O do feijão chegou à marca dos seis reais, um verdadeiro absurdo. E a tendência é que aumente, agora em setembro, com o fim da safra de julho.
O que mais espanta a todos nós e em especial a nós, mulheres que ainda gerenciamos nossas casas, é que ninguém no governo sinalizou para estancar a subida do preço, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Como se esse prato não fosse a base da alimentação do brasileiro, de todos os rincões do país.
Nos período julho 2011/junho 2012, o feijão com arroz subiu 30%, cerca de cinco vezes mais do que a inflação do período! Só o feijão, nesse mesmo intervalo de tempo, aumentou 78%.
Nos seis primeiros meses do ano o aumento do feijão foi de 58%. E ninguém do governo diz nada, justifica nada e nem se sente incomodado com isso.
Mas as eleições municipais já estão aí na poltrona de nossas casas, nos rádios e televisões, e o povo brasileiro dará a resposta certa à tanta insensibilidade e descaso com o mais cotidiano de nossos pratos, o feijão e o arroz.
Aí, a boca deles é que vai ficar salgada, com a derrota que sofreram nas urnas!