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Panorama da economia brasileira”, artigo da senadora Lúcia Vânia

Acompanhe - 10/12/2012

* Artigo da senadora Lúcia Vânia (PSDB – GO) publicando neste domingo (9), no jornal Diário da Manhã de Goiânia

Cultural e historicamente fim de ano é época de balanço. É pensando nisso que convido os leitores a percorrermos um panorama da economia brasileira.

A conjuntura mundial apresenta-se como uma situação de grande risco para o Brasil, refletindo-se, ainda que com menor intensidade, em nossa economia.

A política econômica brasileira tem agido contra a crise por meio de diversas medidas, mas as reiteradas quedas da expectativa de evolução do PIB, em 2012, denunciam que a efetividade das medidas parece não estar à altura do tamanho do problema. Certamente, ainda temos em mente a divulgação recente do PIB do terceiro trimestre: 0,6%.

Derrubar a taxa de juros, embora pareça ser uma medida correta, não poderia, de imediato, trazer efeitos sobre a economia. Caminhamos sim, para um PIB medíocre e não será a mudança tardia na taxa de juros que nos salvará. Aliás, enquanto o Brasil prevê crescimento de 1,5 a 2%, a média da América Latina situa-se em 3%.
De outro lado, o governo requenta a política de redução de impostos para ativar o consumo interno. Sempre é bem vinda a redução, porque a carga tributária brasileira é, sabidamente, excessiva. Mas o caso recente dos automóveis demonstra que o alcance é limitado. Junto com a redução do preço do automóvel, os proprietários de veículos viram a queda de preço dos usados, com a depreciação de seu patrimônio. Perderam no patrimônio o que ganharam de imposto.

Nossa indústria vai mal. A produção da indústria de transformação caiu 1,1%, em maio, na comparação com abril, descontadas as sazonalidades. Mas comparando os cinco primeiros meses do ano com o mesmo período de 2011, a situação é muito pior, com redução de nada menos que 3,7%. Bens de capital e bens de consumo durávelis, que têm os maiores impactos sobre a cadeia produtiva, e sobre a geração de rendas, são os setores mais prejudicados com quedas de mais que 10%.
Cabe lembrar que as dificuldades da concorrência com os importados vão muito além do câmbio e devem ser buscadas no sistema tributário, na ineficiência logística e nos preços de insumos básicos como a energia elétrica.

As exportações são as maiores beneficiárias de um câmbio mais desvalorizado, mas o impacto também não é tão rápido. Pelo lado das importações, medidas protecionistas elevaram o imposto de 100 produtos importados.

De um lado, dependemos do preço das commodities. De outro lado, no campo dos produtos industriais, há que se ter muito cuidado. Além do mercado internacional em forte queda, temos que ter em conta que o nível de importação de insumos para a produção de exportáveis é muito alto, o que reduz o efeito sobre a margem de lucro dos exportadores.

Vale dizer que a crise de 2012 não é a crise de 2008. E os remédios não poderão ser os mesmos. Não vai bastar um ajuste temporário de carga tributária. Não haverá o mesmo efeito que antes numa expansão indiscriminada do crédito público. Não vai continuar explodindo a dívida pública com operações para o BNDES.

O que apelamos ao Governo neste momento difícil é que enfrente os problemas com medidas estruturais. É evidente que o PAC não consegue dar conta de nosso atraso na infraestrutura. Não há como manter os preços da energia elétrica num dos mais altos patamares do globo. Não há como continuar com um sistema tributário tão antiprodução. Um país não pode sobrepor programas e gastos públicos com a adição de mais recursos orçamentários impunemente.

Por fim, se olharmos agora o panorama econômico do país, em pleno mês de dezembro, veremos alguns fantasmas: a Petrobras viu seus lucros caírem pela metade em 2012; a Eletrobras, com a perspectiva de redução no preço da eletricidade, viu suas ações caírem 50% em um mês; os subsídios do BNDES a empréstimos custaram 28 bilhões de reais em três anos; o PAC teve investimentos de 27 bilhões de reais, o que é a metade do previsto; e, ainda, a inflação deve ficar acima da meta de 4,5%.

A crise mundial impõe ao Brasil o amadurecimento. Depende de nós o quanto de dor será imposta à população. E como aos mais fracos sempre são impostas as maiores perdas, é bom que mudanças substantivas comecem logo.

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10/12/2012