“Paternidade responsável”, por Marcello Richa

Artigos - 02/08/2017

Posso afirmar com toda certeza que no dia 10 de janeiro de 2016 minha vida mudou completamente com o nascimento dos meus filhos gêmeos Enrico e Lucas. Foi uma sensação diferente de tudo aquilo que já tinha vivenciado antes e soube naquele instante que estava diante do que se tornaria a razão de toda alegria (e preocupação) que teria pelo resto da minha vida.

Poder acompanhar e contribuir para cada nova descoberta, aprendizado, risada e brincadeira tem sido a melhor jornada que poderia desejar e só posso imaginar que esse seja o mesmo sentimento que outros pais devem sentir quando participam do crescimento de seus filhos.

Dividi um pouco do início da minha experiência como pai porque este ano a mais nova campanha do Agosto Azul, ação de incentivo ao cuidado com a saúde do homem instituído pela lei n.º 17.099 no estado, é focada em estimular a paternidade responsável e convivência com os filhos, uma realidade que infelizmente muitas crianças e pais não conseguem desfrutar no país.

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), baseado no Censo Escolar de 2011, apontou que 5,5 milhões de crianças brasileiras não tinham o nome do pai no registro de nascimento. Um número extremamente grande e que não abrange adultos que também não chegaram a ter o convívio paterno ao longo de sua infância.

Por mais que muitas mães sejam bem sucedidas em criar e educar sozinha as crianças, inegavelmente esse enorme desafio torna-se mais fácil com a presença paterna constante e ativa. Somado a isso, estudos apontam que um relacionamento sadio com os pais durante a infância contribui para que as pessoas tenham melhores condições de enfrentar os estresses e desafios da vida adulta.

Também vale ressaltar que o abandono não precisa ser necessariamente físico, mas também emocional. Pais podem conviver com a criança, mas serem afastados ou distantes, sem participar do dia a dia que irá ajudar na construção do caráter dos jovens. Essa é uma realidade que precisamos mudar no país, criando um ambiente propício para o desenvolvimento pleno durante a infância.

Logicamente que ser um pai presente na vida do filho, no fim, acaba sendo uma escolha individual, mas a construção de uma cultura mais responsável e participativa é uma ação que deve ser construída por todos. Nesse quesito o Agosto Azul entra como um reforço para que os homens contribuam mais na formação e desenvolvimento de suas famílias, bem como conscientizando os necessários cuidados de saúde para que estejam aptos a desempenhar esse papel.

A paternidade, seja ela biológica ou não, jamais pode ser encarada como um fardo. Ela é a oportunidade que carregamos para ser uma influência realmente positiva na vida de uma criança, oferecendo conforto, segurança, conhecimento e valores que elas carregarão para o resto de sua vida e irão moldar o futuro de nossa sociedade.

* Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio Vilela do Paraná (ITV-PR).

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02/08/2017