Política não é moeda pra ter apenas dois lados
Política não é moeda que tem apenas dois lados. Há sempre várias maneiras de enxergar a mesma questão. O tarifaço promovido por Donald Trump está escancarando esta realidade.
O que o deputado Eduardo Bolsonaro faz nos Estados Unidos é um absurdo. Ele usa a força política de seu pai para influenciar o governo norte-americano contra o Brasil e os brasileiros. Nada justifica isso. Patriotismo é defender seu país acima de tudo, o contrário do que o deputado e seu grupo político fazem.
Nada, no entanto, justifica também a postura vitimista do governo lulo-petista. O Brasil detém uma das maiores economias do mundo, é um país soberano e democrático e precisa ser respeitado em qualquer esfera diplomática ao redor do planeta.
Declarações como a do presidente Lula de que não tem motivo para telefonar para o presidente Donald Trump para discutir as relações comerciais entre os dois países é de uma falta de ambição que não combina com o histórico diplomático do Brasil. Não combina nem mesmo com o próprio presidente Lula que, em 2004, declarou ter acordado “invocado” e telefonado para o então presidente George W. Bush.
Na mesma linha, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi à imprensa reclamar que a reunião virtual que havia agendado com o secretário do Tesouro norte-americano foi desmarcada pela atuação de “forças de extrema direita”.
O Brasil é maior que qualquer força, de qualquer tendência política. Comportamentos como esses, tanto do grupo da extrema direita quanto do governo de esquerda, levaram o Brasil à embaraçosa condição de anão diplomático.
Nada parece apontar, no atual governo, ou mesmo em um fictício retorno futuro da extrema direita, para que o Brasil volte a ser conhecido e reconhecido por sua capacidade diplomática e sua postura altiva frente às grandes questões mundiais.
Para quem ainda tinha dúvida, o Brasil precisa buscar o caminho do meio, o caminho da sensatez, da diplomacia, do equilíbrio fiscal, da responsabilidade social, longe dos interesses meramente eleitoreiros de grupos extremistas que, cada dia mais, se tornam parecidos na falta de compromisso com o povo brasileiro.
Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB