“Por uma questão de ordem”, artigo de Paulo Mathias

Artigo escrito por Paulo Matias, presidente da Juventude do PSDB de São Paulo

Acompanhe - 29/01/2013

Artigo de Paulo Mathias, presidente da Juventude do PSDB de São Paulo paulo-matias-foto-Divulgacao1Existe uma naturalidade quase automática em parte da população de associar o jovem na política como parte do movimento estudantil. Passo muito tempo esclarecendo esta questão, mas também compreendendo o porquê desta confusão. Os estudantes têm uma reconhecida participação na vida política brasileira e mundial, foram importantes em grandes momentos históricos, muitas vezes de forma decisiva. Em diversos casos, formaram a primeira linha de resistência contra governos opressores ou se estabeleceram na vanguarda de causas como liberdade e democracia. Talvez seja a reação rápida da indignação própria da idade. No nosso país, a participação juvenil começou com a expulsão dos franceses, passando pelas insurgências libertárias, pela conjuração mineira, pelo movimento da Independência, a abolição da escravatura, a instalação da República, o movimento civilista, pelas denúncias contra a força desproporcional usada em Canudos e, no século passado, foram marcantes nos movimentos constituintes, na resistência às duas ditaduras que se instalaram no Brasil, no restabelecimento do voto direto e por ultimo, nos “caras pintadas”, que ficaram como marca da derrubada de um governo corrupto. Toda essa movimentação independeu de partidos políticos. O envolvimento da juventude de forma participativa em uma entidade político partidária, com fins à consagração do voto e almejando o poder é de outra instância. Neste caso, a origem dos jovens não é apenas estudantil, mas deriva também de comunidades e segmentos sociais organizados, sindicatos, associações e muitos outros estratos sociais. Para o partido, ter uma juventude organizada e atuante representa a formação de novos quadros afinados à sua cartilha idearia e programática. São os jovens com vida partidária que serão preparados para futuras disputas eleitorais. Eles representam a continuidade da vida ideológica da agremiação. Nos últimos dias, essa questão ganhou força devido à notícia da organização de um jantar para angariar fundos para ajudar mensaleiros petistas a arcarem com as multas impostas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em suas respectivas condenações. A atitude, por motivos óbvios, provocou estranheza em parte da população. Durante cerca de quatro meses, a sociedade acompanhou o caso atentamente e, em sua grande maioria, concordou com condenação dos petistas envolvidos no maior caso de corrupção da história recente do Brasil. Agora, quer ver o cumprimento da pena. Minha geração, e talvez até a de meus pais, se surpreendeu porque tinha, até então, a crença, banal e generalizada, de que políticos nunca pagam por seus crimes, quem dirá ir para a cadeia. No entanto, o STF, de forma exemplar, puniu quem tinha de punir e marcou um novo ciclo da Justiça no Brasil. Pela ordem, quem é esta geração de jovens que o Partido dos Trabalhadores esta formando que se organiza para pagar multa de condenados da justiça? Quem dela poderá assumir a postura de dirigente ou representante popular e com qual intenção? Qual também não estará comprometido com os erros do presente petista? “A seu tempo, tudo compreenderás“, foi a instrução recebida em sonho por Dom Bosco e é a lição que deverá ficar aos jovens petistas, hoje embevecidos com o poder dos cargos e dos mitos e cegos para os verdadeiros anseios da população e de sua geração. Os jovens do Brasil, em sua grande maioria, querem decência, querem exemplos de dignidades e boa gestão de seus governantes e não se sentem representados por esta juventude a serviço de bandeiras indignas. Ficará manchado na história das lutas dos jovens brasileiros o péssimo exemplo imposto pelos seguidores petistas. Sua importância deveria ser maior do que isso. A missão de cada jovem, seja por qual bandeira partidária for, é envolver nossos iguais nas lutas por democracia, justiça social, melhoria das condições de vida do brasileiro. O que os jovens do PT fizeram ao seguir o caminho dos “malfeitos” não passou de um desserviço à toda uma geração.

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29/01/2013