“Por uma questão de ordem”, artigo de Paulo Mathias
Artigo escrito por Paulo Matias, presidente da Juventude do PSDB de São Paulo
Artigo de Paulo Mathias, presidente da Juventude do PSDB de São Paulo Existe uma naturalidade quase automática em parte da população de associar o jovem na política como parte do movimento estudantil. Passo muito tempo esclarecendo esta questão, mas também compreendendo o porquê desta confusão. Os estudantes têm uma reconhecida participação na vida política brasileira e mundial, foram importantes em grandes momentos históricos, muitas vezes de forma decisiva. Em diversos casos, formaram a primeira linha de resistência contra governos opressores ou se estabeleceram na vanguarda de causas como liberdade e democracia. Talvez seja a reação rápida da indignação própria da idade. No nosso país, a participação juvenil começou com a expulsão dos franceses, passando pelas insurgências libertárias, pela conjuração mineira, pelo movimento da Independência, a abolição da escravatura, a instalação da República, o movimento civilista, pelas denúncias contra a força desproporcional usada em Canudos e, no século passado, foram marcantes nos movimentos constituintes, na resistência às duas ditaduras que se instalaram no Brasil, no restabelecimento do voto direto e por ultimo, nos “caras pintadas”, que ficaram como marca da derrubada de um governo corrupto. Toda essa movimentação independeu de partidos políticos. O envolvimento da juventude de forma participativa em uma entidade político partidária, com fins à consagração do voto e almejando o poder é de outra instância. Neste caso, a origem dos jovens não é apenas estudantil, mas deriva também de comunidades e segmentos sociais organizados, sindicatos, associações e muitos outros estratos sociais. Para o partido, ter uma juventude organizada e atuante representa a formação de novos quadros afinados à sua cartilha idearia e programática. São os jovens com vida partidária que serão preparados para futuras disputas eleitorais. Eles representam a continuidade da vida ideológica da agremiação. Nos últimos dias, essa questão ganhou força devido à notícia da organização de um jantar para angariar fundos para ajudar mensaleiros petistas a arcarem com as multas impostas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em suas respectivas condenações. A atitude, por motivos óbvios, provocou estranheza em parte da população. Durante cerca de quatro meses, a sociedade acompanhou o caso atentamente e, em sua grande maioria, concordou com condenação dos petistas envolvidos no maior caso de corrupção da história recente do Brasil. Agora, quer ver o cumprimento da pena. Minha geração, e talvez até a de meus pais, se surpreendeu porque tinha, até então, a crença, banal e generalizada, de que políticos nunca pagam por seus crimes, quem dirá ir para a cadeia. No entanto, o STF, de forma exemplar, puniu quem tinha de punir e marcou um novo ciclo da Justiça no Brasil. Pela ordem, quem é esta geração de jovens que o Partido dos Trabalhadores esta formando que se organiza para pagar multa de condenados da justiça? Quem dela poderá assumir a postura de dirigente ou representante popular e com qual intenção? Qual também não estará comprometido com os erros do presente petista? “A seu tempo, tudo compreenderás“, foi a instrução recebida em sonho por Dom Bosco e é a lição que deverá ficar aos jovens petistas, hoje embevecidos com o poder dos cargos e dos mitos e cegos para os verdadeiros anseios da população e de sua geração. Os jovens do Brasil, em sua grande maioria, querem decência, querem exemplos de dignidades e boa gestão de seus governantes e não se sentem representados por esta juventude a serviço de bandeiras indignas. Ficará manchado na história das lutas dos jovens brasileiros o péssimo exemplo imposto pelos seguidores petistas. Sua importância deveria ser maior do que isso. A missão de cada jovem, seja por qual bandeira partidária for, é envolver nossos iguais nas lutas por democracia, justiça social, melhoria das condições de vida do brasileiro. O que os jovens do PT fizeram ao seguir o caminho dos “malfeitos” não passou de um desserviço à toda uma geração.