“Professores do ódio atacam a vacina”, por Marco Vinholi e Wilson Pedroso

Artigos - 10/03/2021

No dia em que dois professores do ódio se uniram para atacar os esforços do governo de São Paulo e dos profissionais da saúde do estado, na contenção da maior crise sanitária da história, o Brasil tinha aplicado 11 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19.

Mais de 80% desse total eram vacinas produzidas pelo centenário Instituto Butantan. São doses de esperança em resposta àqueles que duvidaram que elas estariam no braço dos brasileiros.

Hoje está claro que, se dependesse apenas da vontade do governo federal, três meses após o início da vacinação no mundo, o Brasil ainda estaria na estaca zero.

O trabalho do governador João Doria e do seu time impediu esse comportamento criminoso. Na cidade de São Paulo, houve redução de 70% de óbitos em pessoas acima de 90 anos, após o início da vacinação.

Em menos de dois meses de campanha, temos mais pessoas que receberam a primeira dose da vacina do que o total de pessoas contaminadas pelo vírus em um ano.

Mas os professores do ódio, aqueles que bajulavam o governo do PT até recentemente e ocupavam cargos de confiança de Lula, não têm olhos para a análise, resultados, tampouco para a eficácia. Tentam, a qualquer custo, impor versões esquizofrênicas dos fatos.

A tática é usar e abusar do marketing da lacração, tão em moda nos tempos atuais, tão comum nos extremos, seja de direita ou de esquerda.

Marco Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo e presidente do PSDB-SP

O estado de São Paulo foi o primeiro a criar um centro de contingência contra o coronavírus. Ele foi oficialmente instalado no dia do primeiro caso no Brasil, em 26 de fevereiro de 2020, e passou a orientar as ações do governo estadual no enfrentamento da pandemia.

Os Estados Unidos, onde o antigo presidente adotou postura negacionista, só passaram a ter uma coordenação de resposta à pandemia, diretamente ligada ao chefe do Executivo, no dia 20 de janeiro deste ano, com a posse de Joe Biden –portanto, quase 11 meses depois de atitude semelhante à de São Paulo.

Nunca é demais lembrar que os 20 profissionais do centro de contingência trabalham de graça, na defesa da vida dos brasileiros.

Wilson Pedroso, secretário particular do governador João Doria

Temos convicção de que melhores resultados serão obtidos com a entrega total das 100 milhões de doses da vacina do Butantan aos brasileiros até o final de agosto. Em São Paulo, independentemente do que fizer o governo federal, a população será vacinada antes do final do ano, segundo garantiu o governador Doria.

Os resultados atuais se devem ao trabalho iniciado ainda no primeiro semestre do ano passado, quando o Instituto Butantan selou parceria com laboratórios que estavam desenvolvendo vacinas.

A associação com a Sinovac Biotech apresentava algumas garantias de êxito: a técnica do vírus inativado é amplamente dominada pelo Butantan e havia ganho potencial de tempo, na medida em que a Sinovac já estava desenvolvendo uma vacina contra outro coronavírus, causador da Sars.

O governo de São Paulo apostou alto nos estudos da fase 3 do Butantan, em 16 centros de pesquisa de oito estados do Brasil. Foram centenas de pesquisadores e 12.500 voluntários que participaram ativamente do sucesso desse trabalho.

Em três ocasiões, o Butantan tentou antecipar a entrega de vacinas ao Programa Nacional de Imunização.

Recebeu como resposta do Ministério da Saúde o silêncio e a omissão. Por três ocasiões o ministério descartou 60 milhões de doses da vacina do Butantan, mas não só: deram de ombros também para outras 70 milhões de doses da gigante farmacêutica Pfzer.

Na ânsia de criar uma narrativa esquerdizóide do vírus, os professores do ódio se igualam ao governo Bolsonaro na politização da pandemia. Ignoram a realidade, menosprezam versões e distorcem episódios de notório conhecimento público.

O Plano São Paulo, que começou a funcionar em primeiro de junho de 2020, três meses após o primeiro diagnóstico de Covid-19 no Brasil, instituiu, de forma pioneira, parâmetros de acompanhamento da pandemia.

A correta adoção de medidas de isolamento social e uso de máscaras permitiu a São Paulo evoluir para a retomada gradual das atividades.

A economia do estado cresceu 0,4% no ano passado, enquanto o Brasil sofreu uma recessão de 4,1%. Uma abissal diferença de 4,5 pontos percentuais.

O gerenciamento da crise sanitária é um trabalho diário e ele não se submete aos interesses de extremos nem daqueles que pregam que tudo deve funcionar como se o vírus não existisse nem dos que pretendem sufocar as pessoas pela posição oposta. Sob a liderança de Doria, continuaremos lutando contra a tentativa de manipulação esquerdizóide da mesma forma que combatemos o ódio dos negacionistas: com serenidade, transparência, dados técnicos e científicos.

Quando as informações são comparadas de forma honesta, levando-se em conta a curva de tempo, a variação demográfica e as dificuldades criadas por um governo central negacionista, São Paulo tem sido mais efetivo que outros lugares com mais recursos.

O enfrentamento da pandemia permanecerá até que a vacinação faça efeito. Ele exige determinação e união.

Por isso, fizemos os alertas de emergência e adotamos as medidas possíveis para evitar comemorações de final de ano, aglomerações de verão e festas de Carnaval. Agora, lutaremos contra a segunda onda, com o reforço no atendimento e a implantação de mais leitos.

A realidade do vírus se impõe às fantasias e falsas narrativas, partam elas da extrema direita ou da esquerda barulhenta. Quando se espalha o ódio, o que importa é a política, não a verdade nem a coerência. E muito menos a defesa da vida.

Os fatos, como se vê, demonstram que teses infantis, amadoras e ingênuas são desmontadas diante da verdade. A normalidade do debate só virá com a vacina. Porque ela se impõe ao vírus –e às tentativas de intimidação que vira e mexe tomam de assalto os extremos.

Artigo publicado na Folha de S.Paulo, em 10/03/2021

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10/03/2021