“Uma Igreja para todos os povos”, por Lucas Batista Pinheiro
Artigo do secretário de Ação Social da JPSDB-DF, especialista em Fé e Doutrina Católica
* Artigo do secretário de Ação Social da JPSDB-DF, Lucas Batista Pinheiro.

Em 1987 a cidade de Buenos Aires recebeu a primeira Jornada Mundial da Juventude (JMJ) fora da Europa. Era o sinal do Papa João Paulo II de que a Igreja Católica iria buscar um maior diálogo com a juventude cristã do mundo inteiro Naquela ocasião, João Paulo II disse a histórica frase para os jovens: “repito ante vós o que venho dizendo desde o primeiro dia do meu pontificado: que vós sois a esperança do Papa, a esperança da Igreja.” Vinte e seis anos depois, o Conclave elege um Papa daquela jovem cidade sul-americana.
A JMJ é um evento da Igreja Católica Romana que reúne jovens de todas as partes do mundo para celebrar a fé católica e receber instruções doutrinárias do Bispo de Roma, isto é do Papa que é o líder da Igreja. A última JMJ foi em Madri, Espanha no ano de 2011 e liderada por Bento XVI com um público de 1.500.000 jovens em média. O Papa Bento XVI liderou três Jornadas, porém segundo especialistas, não foi capaz de manter os jovens católicos na Igreja e ainda perdeu muitos jovens. Bento XVI tinha mensagem muito teológica e intelectual e pouco atraente e popular. Com as pressões desses fatos adicionados aos fatos de corrupção no Banco do Vaticano e casos de pedofilia envolvendo padres católicos, Bento XVI teve a humildade de reconhecer que sua avançada idade não lhe era amiga para combater aquele bom combate, então, renunciou exortando aos cardeais que elegessem ‘um Papa jovem e vigoroso para vencer a batalha’.
O Conclave – eleição em que os cardeais escolhem o Papa – elegeu Jorge Mario Bergoglio, argentino de 76 anos, torcedor fiel do San Lorenzo, grande time de futebol argentino, um Papa humano. Bergoglio escolheu como nome pontifício, Francisco. Só pela escolha desse nome Papa Francisco ganhou apoio dos jovens que novamente viram seus corações serem aquecidos pela esperança de uma nova Igreja. O Papa disse que escolheu o nome em homenagem a São Francisco de Assis. Um grande recado para a cúria romana. São Francisco de Assis é simplesmente o santo mais amado pelos jovens católicos, isso pela história de São Francisco, um jovem italiano bem sucedido e rico que se despiu na frente de seu pai e do bispo de sua cidade renunciando todas as honras e riquezas para servir a Deus em 1186.
Biografias de São Francisco de Assis dizemque ele ouviu a voz de Deus ordenando que reconstruísse a Igreja. Quase um século depois, outro Francisco tem missão igual: reconstruir a Igreja. E não será fácil. O Papa Francisco já conta com oposição. A Presidente da Argentina, Cristina Kirchner. O então cardeal Bergoglio sempre um ferrenho crítico do governo Kirchner, principalmente quando a questão era o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou o controle da imprensa. O Papa Francisco andava no meio do povo, de ônibus, sempre dispensou a limusine a que tinha direito por isso sabia o que o povo passava. Sabia que a situação econômica do país não favorecia os pobres e por amor aos pobres, não concordava. Papa Francisco em seus primeiros dias, dispensou limusine e foi de ônibus. Recusou auxílio de assessores e foi ele próprio pagar o hotel.
Diferente da presidente Dilma que de forma soberba gastou € 125.990,00 (R$ 324 mil Reais) em viagem turística a Roma, já que não é católica e não tinha motivos pra ver o Papa; cabe lembrar que quando Bento XVI renunciou, Dilma ignorou o fato. Dilma foi chefe de Estado que mais gastou, o que Cristina gastou não foi nem um terço. Papa Francisco é a esperança da Igreja para renovar-se, um líder da maneira que os jovens católicos esperam: um pobre bispo, para uma pobre Igreja. Vale ressaltar que, ‘pobreza’ na doutrina católica não é apenas não ter bens materiais. Pode-se até tê-los, mas sem nunca querê-los. Ser pobre é amar a Deus sobre todas as coisas, é não pôr em bens seu tesouro, mas em Deus, pois onde está o seu tesouro, aí está o seu coração, diz a Bíblia(Mt 6,21)). Francisco terá um enorme desafio: fazer da Igreja de ouro, a Igreja dos povos.
* Lucas Batista Pinheiro é especializado em Fé e Doutrina Católica pelo Curso Superior de Teologia de Brasília, Analista de Relações Trabalhistas, estudante de Gestão Pública, no Centro Universitário IESB. Morou no Vaticano por dois anos.