“Yoani Sánchez e os reacionários de esquerda”, por Matheus Leone

Artigo de Matheus Leone, integrante da Juventude do PSDB, publicado na quarta-feira (20)

Acompanhe - 21/02/2013

Artigo de Matheus Leone, integrante da Juventude do PSDB, publicado na quarta-feira (20)

George Gianni / PSDBEu estive hoje no Congresso Nacional para recepcionar – junto à amigos universitários, parlamentares e imprensa – a blogueira cubana Yoani Sánchez, que veio à Brasília por convite do PSDB. Gostaria de expressar-me aqui acerca do que eu considero um dia a ser lembrado por todos nós, um dia histórico. O que vi hoje foi um misto de esperança na nossa democracia com preocupação com os perigos que a rondam, perigos esses que ficaram visíveis no ódio destilado por um grupo de reacionários de esquerda, petistas e comunistas (defensores de um regime que visivelmente já se esgotou no tempo, incapaz de representar qualquer coisa que não a opressão).

Primeiramente, gostaria de comentar sobre o ocorrido há dois dias em Feira de Santana, onde militantes fascistas impediram a veiculação do documentário de Sánchez agredindo-a com ódio que lhes é peculiar. Sinceramente não reconheci o meu país. Como pode um país que sofreu mais de 20 anos com uma ditadura que cerceava a liberdade de expressão, de imprensa, de organização política – ou seja, de liberdades democráticas – tentar calar uma mulher que luta contra a ditadura em seu país?

Pois hoje a situação foi um pouco diferente. Apesar do bradar repugnante de pessoas como a deputada Érica Kokay (PT-DF), Yoani Sánchez foi recebida na Câmara dos Deputados como uma pessoa que tem o que falar, uma pessoa que representa o sofrimento de um povo que é massacrado por um regime totalitário.

Yoani explicou-nos muito. Deu uma aula de simplicidade. Com voz suave, mas firme, enfatizou as mazelas que seu país vive nas mãos dos irmãos Castro. A falta de bens de primeira necessidade (pasta de dentes e leite por exemplo), a média dos salários que está próxima de 20 dólares, a perseguição e muito mais. Ficava difícil de entender o por que da agressividade daqueles que lá fora a chamavam de mercenária.

Pois os reacionários de esquerda, pessoas que lá estavam para defender um regime ditatorial totalitário com gritos de “te cuida imperialista porque a América Latina vai ser toda socialista”, “viva Fidel e a revolução”, “quem financia é a CIA” e assim por diante. Resta apenas comentar que se em Cuba estivessem, tais protestos seriam reprimidos com a fúria estatal daqueles que não aceitam a liberdade. A defesa deles de um Estado que massacra seus cidadão é uma ofensa não apenas aos cidadãos de Cuba, mas à história e ao povo de nosso país, que sofreu nas mãos de uma ditadura. O ódio que destilavam hoje contra uma mulher que veio defender o pluralismo, a democracia e a liberdade de expressão é ridículo. É ridículo porque significa a fé cega – sob um cabresto – numa ideologia, e para legitimar essa ideologia é válido legitimar um governo ditatorial. Dar o braço a torcer e dizer que Fidel traiu todos aqueles cubanos que nele depositaram sua fé é algo que esses reacionários jamais farão, e não farão porque defendem para o Brasil algo semelhante.

Mas tudo isso é menor diante da magnitude do que vivenciei hoje. Enquanto os gritos estridentes da voz do ódio eram abafados pelos nossos “abaixa a ditadura, que mata e tortura” e “liberdade, liberdade…”, Yoani Sánchez comovia a todos por ser símbolo de algo maior. Símbolo de um sentimento universal que é a vontade ser livre para pensar e para se expressar. A simplicidade com a qual respondeu à questionamentos levianos de um parlamentar emocionou, pois mostrou que ali não estava uma militante ideológica, e sim uma mulher – mãe, humana, cubana – que defende o direito de seu povo de se expressar, de votar, de tomar decisões e definir os rumos do país.

Yoani Representou ali o grito dos oprimidos, os suspiro reprimido das vozes que – mesmo sob perseguição – ousam enfrentar o regime. Ela passou uma mensagem clara. Uma mensagem de esperança, de esperança do povo cubano em dias melhores que com certeza estão por vir. Quanto à nós, nós a recebemos Yoani, de braços abertos. Pois os gritos fascistas dos reacionários de esquerda não nos amedrontam e não te amedrontam também. O grito deles é apenas a prova da nossa democracia, da nossa tolerância e do nosso respeito à liberdade de expressão. No entanto, o mais importante é que o Congresso parou para ouvir uma mulher símbolo da luta pela liberdade de um povo, uma mulher que nos deu uma aula hoje… aula de sonhar, sonhar com um futuro melhor. Seja bem vinda ao nosso país, Yoani Sánchez. O Brasil está contigo!

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21/02/2013