Aumento de cargos comissionados reflete no crescimento da corrupção
Governo federal é péssimo do ponto de vista administrativo e gerencial
Governo federal é péssimo do ponto de vista administrativo e gerencial
Brasília (27) – Nem mesmo os sucessivos alertas da oposição sobre o desenfreado inchaço da máquina pública foram capazes de colocar um freio na criação de cargos comissionados durante os oito anos de mandato petista. O aparelhamento se deu nos ministérios, nas secretarias, nas agências reguladoras e nas fundações.
Para o senador Alvaro Dias (PR), com o objetivo de se manter no poder, o governo federal gasta muito com “ações supérfluas”. De acordo com a Folha de S. Paulo, na edição desta segunda, nos oito anos de administração petista, o quadro de pessoal da Presidência aumentou 250%, enquanto no restante do Executivo a taxa foi de 13%.
A maior parte destina-se à Advocacia-Geral da União, que contratou novos funcionários e absorveu procuradores distribuídos em outros órgãos. Porém, desconsiderado o órgão, o contingente cresceu 150%, para 7.856 pessoas em maio. Dias afirma que o crescimento desenfreado da máquina pública inibe os investimentos e eleva a taxa básica de juros, atualmente em 10,75% ao ano – uma das maiores do mundo.
“O governo engordou muito nos últimos anos, criando ministérios, secretarias, coordenadorias. Isso aumentou o gasto com custeio exageradamente e reduziu a competitividade”, criticou. Reflexo do fortalecimento da estrutura presidencial, o Palácio teve seus recursos multiplicados por cinco, incluindo nessa conta a Casa Civil. Dias afirma que o aparelhamento reflete a onda de escândalos na sala ao lado à do presidente.
“Se aumenta o número de cargos comissionados, eleva-se a probabilidade de ocorrência da corrupção”, disse. Numa comparação, no fim do mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o orçamento da Presidência e dos órgãos sob seu comando direto somava R$ 3,7 bilhões, valores corrigidos pela inflação. Agora, os valores são R$ 8,3 bilhões – ou R$ 9,2 bilhões se contabilizado o Ministério da Pesca, que tem orçamento separado, mas é vinculado à Presidência.
O senador recorda ainda que, na Casa Civil, saíram os principais escândalos do governo. “De lá, saíram o ex-ministro José Dirceu, acusado de comandar o mensalão, pagamento de propina a parlamentares da base de apoio ao governo, e a ex-ministra Erenice Guerra, apontada como comandante de um esquema de tráfico de influência e distribuição de propina”, afirmou.
“Concluímos, portanto, que estamos diante de um péssimo governo do ponto de vista do gerenciamento, um governo pouco preocupado com a população. É só olhar o aumento de cargos comissionados criados por esse governo”, disse. Durante os últimos oito anos, foram criados 21,5 mil novos cargos comissionados em toda a administração pública federal.