“Autonomia de decisão é de pessoas que não têm qualificação”, afirma Leitão sobre investimentos de risco da Funcef
O fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef) realizou diversos investimentos com risco de natureza grave, apesar dos alertas feitos pelas áreas técnicas da instituição. A afirmação é resultado de um relatório da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), órgão responsável pela regulação e fiscalização dos fundos de pensão.
De acordo com matéria do jornal Folha de São Paulo publicada nesta segunda-feira (30/11), o documento apontou que tais aplicações de alto risco “já vêm representando prejuízo para a entidade, podendo não ser revertido no longo prazo”. O cenário para este tipo de investimentos não é propício, uma vez que a Funcef acumula déficits anuais desde 2012.
Se somados os prejuízos em cada ano, o valor já ultrapassa os R$ 10 bilhões sendo que, apenas nos oito primeiros meses de 2015, o déficit é maior que R$ 4,5 bilhões. Por conta destes resultados, o fundo de pensão teve que apresentar um plano para reverter a situação e equilibrar as contas.
O investimento de R$ 260 milhões no projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída no rio Xingu, no Pará, é um dos exemplos de que as aplicações feitas pela Funcef eram realizadas sem levar em conta os pareceres técnicos de especialistas. Ao abordar o assunto, o relatório revela que, “da amostra analisada, não ficou evidente se os gestores da entidade baseiam suas decisões de investir nos apontamentos das áreas técnicas, uma vez que, apesar dos riscos apontados nos ativos da amostra, os investimentos foram realizados”.
A Câmara dos Deputados já investiga os fundos de pensão por meio de uma CPI. As irregularidades na aplicação de entidades patrocinadas por estatais federais, além da influência política que pode levar a estes investimentos, são o principal alvo da comissão. Para o deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT), a interferência petista em entidades como a Funcef explica a má gestão dos recursos. “Eu não tenho dúvida de que todos os fundos que estão sob o comando do PT estão aparelhados. Por estarem aparelhados, a autonomia de decisão é de pessoas que não têm qualificação”, ressaltou.