Banco Central admite que inflação vai estourar meta fixada pelo governo
“Os analistas e todos que trabalham nessa área já estão convencidos de que o governo não terá controle da inflação”, afirmou o deputado Hauly
O cenário de incertezas politicas e econômicas levou o Banco Central a admitir internamente que a inflação vai estourar o teto da meta de 6,5%, pelo segundo ano consecutivo. A sinalização de que isso ocorrerá foi dada nesta segunda-feira (22) pelo diretor de Política Econômica da instituição, Altamir Lopes, em discurso durante evento realizado pelo banco JP Morgan.
Segundo reportagem do jornal Correio Braziliense publicada nesta terça (23), o diretor do Banco Central admitiu que as expectativas inflacionárias do mercado pioraram desde agosto do ano passado — quando o governo enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Orçamentária para 2016 com previsão de deficit fiscal.
O economista e deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) afirma que os sucessivos fracassos econômicos administrados pelo governo conspiram contra uma inflação dentro da meta.
“Juros elevados, gasto público elevado, recessão econômica, isso tudo conspira contra uma inflação reduzida dentro da meta de 6,5% ao ano. Os analistas e todos que trabalham nessa área já estão convencidos de que o governo não terá controle da inflação”, afirmou o deputado.
Segundo a reportagem, Lopes alertou ainda que o governo precisa fazer um ajuste fiscal urgente para garantir que o Brasil recupere a credibilidade e a trajetória de crescimento econômico. Apesar do aperto financeiro, Hauly ressalta que a população brasileira não suportaria ajustes com aumento de impostos.
“Ajuste fiscal para a presidente Dilma e para o PT é aumentar impostos. E o brasileiro, não é que não aceita, mas tem horror ao aumento de impostos, não cabe mais. Ajuste fiscal — as palavras falam dos dois lados — especialmente da despesa pública que eles não cortam. E quando cortam, fazem isso na saúde, na educação, na área social.”
O Banco Central também descarta a possibilidade de reduzir a taxa básica de juros para ajudar a conter o avanço dos preços. Outros diretores da autarquia já haviam sinalizado que a inércia inflacionária não permitiria a redução dos juros.