“Brasil não pode ficar indiferente ao que acontece na Venezuela”
Brasília – Em discurso na tribuna do Senado nesta segunda-feira (10), o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) voltou a cobrar ações do governo brasileiro diante da crise política na Venezuela. O tucano argumentou que o país latino é “um parceiro comercial e de investimentos importante”.
“A situação de descalabro econômico que enfrenta esse país já está hoje afetando inclusive a possibilidade de as empresas brasileiras, que investiram na Venezuela, receberem de volta o repatriamento da sua justa remuneração”, afirmou o congressista e presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
O senador também ressaltou que a situação política venezuelana exige uma atitude direta do Itamaraty em nome de um preceito constitucional brasileiro: a prevalência dos direitos humanos. “O Brasil e a Venezuela firmaram compromissos internacionais importantes, que têm valor jurídico, e que devem ser arguidos para promover uma mudança nessa situação de deterioração da democracia”, afirmou. O parlamentar se referia ao Protocolo de Ushuaia no Mercosul, que determina a plena vigência das instituições democráticas como condição essencial para participar do bloco.
Aloysio Nunes lembrou que o Senado já tem agido e procurado soluções para a situação do país hoje governado por Nicolás Maduro. Durante o último mês de maio, a Comissão de Relações Exteriores recebeu em audiência pública as esposas de dois presos políticos venezuelanos de oposição: Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López, líder do partido Vontade Popular, e Mitzy Capriles, esposa de Antonio Ledezma, prefeito de Caracas.
Em junho, duas missões oficiais do Senado Federal estiveram em Caracas para dialogar com forças políticas locais. Aloysio Nunes participou da missão que foi impedida de se deslocar da aeroporto da capital da Venezuela para se encontrar com a oposição e visitar presos políticos.
O parlamentar cobrou ainda que o Itamaraty exija da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) o envio de uma missão àquele país para acompanhar todo o processo das eleições parlamentares – agendadas para o dia 6 de dezembro deste ano.
Por fim, Aloysio fez um apelo em busca de um entendimento entre o governo e a oposição do Brasil com o objetivo de atuar em conjunto na política externa em Caracas. “E isso deve se dar, na minha opinião, a partir da disposição de todos de impulsionarmos o Itamaraty para que assuma as responsabilidades que cabem ao nosso País, que assuma as responsabilidades que decorrem do peso político brasileiro”, concluiu.