Candidata petista tenta reescrever a história distorcendo fatos
Deputados criticam declarações da candidatura oficial ao Jornal da Globo
Deputados criticam declarações da candidatura oficial ao Jornal da Globo
Brasília (31) – A candidatura oficial à Presidência se pauta por números manipulados e informações imprecisas. Nessa segunda-feira, a presidenciável Dilma Rousseff (PT) concedeu entrevista ao Jornal da Globo e aproveitou para tentar reescrever a história, com fatos distorcidos. A avaliação é dos deputados Emanuel Fernandes (SP) e Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES).
De acordo com os parlamentares, alguns assuntos chamaram a atenção: a libertação de presos políticos cubanos, a relação do PT com as Forças Armadas da Colômbia (Farc) e os números sobre investimentos. Além disso, lembram os deputados, a candidatura lançou acusações a tucanos sobre vazamento de dados. Uma clara tentativa de, primeiro, não responder aos jornalistas, e, segundo, distorcer os fatos ao confundir, propositadamente, vazamento de informações com de fabricação de dossiês, prática histórica do petismo contra o PSDB.
Durante a entrevista, a petista afirmou que o presidente brasileiro contribuiu para o processo de libertação de presos políticos cubanos. A verdade contra a candidatura é outra. Em julho, o presidente Raúl Castro se comprometeu com a Igreja Católica a libertar 52 dissidentes presos em 2003, na operação conhecida como Primavera Negra.
Recentemente, em visita ao país, o presidente Lula recusou-se a atender o dissidente Orlando Zapata, que reivindicava melhores condições no cárcere onde era mantido. Como contribuição, o petista comparou presos políticos a criminosos comuns de São Paulo. Zapata morreu logo depois, em consequência de uma greve de fome. Em 2007, o governo brasileiro também contribuiu com o cubano ao devolver dois boxeadores que haviam pedido asilo no Brasil.
Para Fernandes, a entrevista da candidata foi uma tentativa de desfazer a imagem negativa do governo do PT diante das nações do mundo por sempre ter defendido países que violam os direitos humanos. “Dilma está tentando pegar carona num processo importante para o mundo para desfazer a imagem ruim do Brasil perante a comunidade internacional. Mas, na verdade, o presidente brasileiro tem mostrado que os direitos humanos não são tão importantes”, afirma.
Dilma Rousseff, no entanto, deu continuidade. Falou sobre a relação do seu partido com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Questionada se reconhecia o movimento como uma narcoguerrilha, ela não respondeu a pergunta. Limitou-se a falar que as Farc têm relações com o tráfico.
Como recorda Fernandes, ainda ministra da Casa Civil, a candidata requisitou a mulher de Olivério Medina, representante das Farc no Brasil, para trabalhar no governo federal. Olivério mandou uma mensagem a um amigo dizendo que a nomeação foi parte de operação política. “O PT precisa esclarecer claramente se dialogam com as Farc ou não.”
Em outro momento, a candidata petista tentou inventar a roda ao falar de investimentos públicos, afirma o economista e deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES). Ela foi instada a comentar o motivo pelo qual o Brasil investe pouco em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas do País. E novamente, Dilma se depara com os dados reais.
De toda a arrecadação do País, 40% dos recursos vão para os cofres do governo. Porém, a administração pública federal só é responsável por 2% dos investimentos do Brasil. Dilma falou que nunca se investiu tanto no País. Vellozo Lucas ironiza a declaração da candidata: “Nunca nesse País se investiu tão pouco”.