Carta aberta de Lula ao país evidencia diferenças entre “o Lula público e o Lula privado”, avalia Bruno Covas
Tom conciliador adotado com o Judiciário difere e muito do conteúdo de gravações e de pronunciamentos recentes
Brasília (DF) – Os dois pesos e duas medidas que permeiam as ações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornam-se claros quando se analisam a carta aberta ao país divulgada pelo petista na noite de ontem (17/03) e o conteúdo das gravações telefônicas que vieram à tona nesta semana. Essa é a avaliação feita pelo deputado federal Bruno Covas (PSDB-SP).
“Nós já sabíamos que existia o PT da situação e o PT do governo, que depende de fases distintas, coisas distintas. Também já tínhamos percebido que existia a Dilma da campanha e a Dilma da presidência. O que agora nós ficamos sabendo é que existe o Lula público e existe o Lula privado”, apontou o parlamentar.
Na carta, Lula se disse inconformado com a divulgação das conversas telefônicas pela Operação Lava Jato, alegando que ele e sua família foram vítimas de vazamentos ilegais e “atos injustificáveis de violência”. Vale lembrar, porém, que as escutas foram autorizadas pela Justiça Federal. O petista também se afirmou confiante na isenção da Justiça, frisando que em seus oito anos à frente da Presidência, teve a “oportunidade de demonstrar apreço e respeito pelo Judiciário”.
O tom conciliador adotado com o Judiciário, no entanto, difere e muito do conteúdo das gravações telefônicas e de alguns pronunciamentos recentes. Além de se referir ao Supremo Tribunal Federal (STF) como um “tribunal acovardado”, Lula também cobrou “gratidão” do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por ter sido nomeado ao cargo.
“O Lula público já não tinha condições intelectuais, morais e políticas para assumir o cargo de ministro de Estado. Agora se sabe que também não tem condições psicológicas para assumir cargo como esse. Uma pessoa desequilibrada, que desrespeita as instituições, que desrespeita a tudo e a todos. Esses grampos mostram acima de tudo que uma pessoa como essa está realmente à frente de uma quadrilha que tomou o país”, destacou Bruno Covas.
O tucano também criticou a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil. Para ele, ficou clara a motivação da presidente Dilma Rousseff de indicar o petista ao cargo na tentativa de obstruir a Justiça, garantindo a Lula, que é investigado pela Operação Lava Jato, a prerrogativa do foro privilegiado.
“A nomeação do Lula para a Casa Civil é um escárnio, é uma brincadeira de mal gosto. É o último tapa na cara que a presidente dá em todos os brasileiros, demonstrando que ela [Dilma] tem nenhum apego à causa pública, nenhuma preocupação com interesses públicos e que utiliza o governo para resolver problemas particulares e partidários”, completou o parlamentar.