Comércio registra queda de 2,2% no semestre, o pior resultado em 12 anos
Brasília (DF) – O comércio brasileiro registrou em junho a quinta queda consecutiva nas vendas na comparação com o mês anterior. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na quarta-feira (12) que as vendas no varejo caíram 2,2% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014. É o pior resultado em 12 anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo desta quinta-feira (13).
De acordo com a reportagem, a combinação de inflação elevada, oferta mais restrita de crédito, aumento do desemprego e o desânimo do consumidor foram os fatores que mais impulsionaram para o cenário desfavorável.
O varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) não apresenta resultados positivos desde janeiro, e a retração nas vendas ganhou força no segundo trimestre. Só em junho, o recuo foi de 0,4% em relação a maio.
O economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), explicou o cenário. “A situação se agravou a despeito do comportamento menos agressivo da inflação no varejo. Isso é evidência de que o bolso do consumidor está furado, e os preços que pressionam são administrados e serviços”, disse.
A CNC revisou as projeções e a expectativa é de queda de 2,4% nas vendas do varejo em 2015, o que será o pior desempenho em 12 anos. Para Bentes, no Produto Interno Bruto (PIB), o segundo trimestre deve ser pior do que o projetado até agora.
Desastroso
Segundo o jornal, caso os empresários decidam repassar a alta do dólar ao consumidor, o retrato do comércio pode ser ainda mais desastroso. Por enquanto, os preços mal reagiram ao câmbio. A inflação de bens de consumo duráveis (como veículos e eletrodomésticos) avançou 3,2% em 12 meses até junho. Enquanto isso, o dólar subiu mais de 50% em relação ao real.
“Não tem espaço para repassar. Se ele (empresário) fizer isso, aí é que o consumidor nem na porta chega para olhar o produto”, afirmou Bentes.