Construção da usina de Belo Monte foi alvo de propina de R$ 150 milhões, repassada para chapa de Dilma

Executivos da Andrade Gutierrez admitiram que as construtoras responsáveis pela obra da hidrelétrica combinaram o pagamento de propina de R$ 150 milhões

Acompanhe - 08/04/2016

Obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte - Fotos Ricardo Joffily/Ascom DPU. Liberada publicação da foto para fins jornalísticos, desde que creditada a autoria.

A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte foi alvo de propina de empreiteiras investigadas pela Lava Jato. Executivos da Andrade Gutierrez admitiram em depoimentos no acordo de delação premiada firmado com a Justiça que as construtoras responsáveis pela obra da hidrelétrica combinaram o pagamento de propina de R$ 150 milhões.

O dinheiro, segundo os executivos da empreiteira, seriam pagos ao longo da construção da obra para serem divididos entre PT e PMDB nas campanhas eleitorais de 2010, 2012 e 2014. Cada sigla ficaria com R$ 75 milhões, já os dois partidos se aliaram nacionalmente nas três eleições.

Segundo as delações, o dinheiro da propina seria repassado na forma de doações legais para as campanhas do PT e PMDB. A propina paga ao PT foi dividida entre as empreiteiras de acordo com a participação de cada uma no consórcio para a construção da usina Belo Monte. Andrade Gutierrez (18%), Odebrecht (16%) e Camargo Corrêa (16%) ficaram com metade dos contratos de construção da usina.

As denúncias foram feitas reveladas pelo ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo e pelo ex-executivo da construtora Flávio Barra, nas delações premiadas homologadas nesta quinta-feira (7) pelo Supremo Tribunal Federal, segundo informou o jornal Folha de S. Paulo.

O deputado federal Rogério Marinho chama atenção para o fato de que essa é a primeira vez que uma delação premiada alcança o atual mandato da presidente Dilma. “É importante destacar que, pela primeira vez, se chega através de uma delação aceita pelo STF à campanha de 2014. É justamente o mandato que a presidente está exercendo no momento. Nós todos já suspeitávamos, mas isso passa a ser uma prova cabal, uma vez que há o aceite por parte do ministro [do STF] Teori Zavascki”, afirmou.

Para o tucano, o PT se especializou em “achacar empreiteiras em fazer processos espúrios em obras superfaturadas”. Marinho ressalta que esse caso envolvendo a Belo Monte é “apenas mais um nesse corolário de processos que estão se avolumando”. O parlamentar denomina como constrangedora a situação vivida pelo país. “Eu espero que, ao final, a presidente e todos os seus auxiliares diretamente envolvidos possam ser julgados e condenados pela Justiça. O que aconteceu foi criminoso para com a nação brasileira”, disse.

“O país é sacudido todos os dias por uma notícia nova de corrupção, de desvio de recursos públicos e de mau gerenciamento de nossa economia. Só existe apenas uma alternativa para estancarmos esse processo: o impeachment da presidente Dilma”, concluiu.

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08/04/2016