Criador do perfil Dilma Bolada detalha relação com PT na CPI dos Crimes Cibernéticos

Acompanhe - 29/10/2015

unnamed (3)Parlamentares tucanos participaram de audiência pública agitada na CPI dos Crimes Cibernéticos, presidida pela deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO). O publicitário Jeferson Monteiro, criador do perfil na internet Dilma Bolada, prestou depoimento nesta quinta-feira (29/10). A personagem criada por Monteiro, por meio do sarcasmo, faz ataques aos partidos e pessoas que fazem oposição ao governo e enaltece, com humor, a atuação da presidente Dilma e seu partido.

“Nesse momento político em que a gente vive, esses blogs e sites acabam defendendo suas linhas e pensamentos. Mas, mesmo tendo liberdade de expressão, precisamos saber de que forma se adequa à manifestação deles”, apontou a congressista.

A empresa de Jeferson Monteiro tem um contrato de R$ 20 mil com a agência de comunicação Pepper, já contratada pelo PT. Ele foi questionado pelo deputado Daniel Coelho (PSDB-PE) sobre a postagem de conteúdos ofensivos a pessoas públicas. O parlamentar perguntou sobre o tipo de trabalho que o publicitário realiza e o que fazia antes de criar o Dilma Bolada. “O fato de ter uma posição mais crítica sobre o governo não tem nenhuma vinculação com o rompimento do contrato da Pepper com o PT?”, indagou.

O deputado Bruno Covas (PSDB-SP), presente na audiência, também destacou a necessidade de saber a relação entre o perfil Dilma Bolada e o fim do contrato da Pepper com o Partido dos Trabalhadores. “Tem ou não uma relação de causa ou efeito com o contrato de Jeferson, que é funcionário de uma empresa financiada por partido político?”, disse. O tucano apontou ainda uma série de ofensas publicadas pelo perfil criado.

“Acompanhava o Dilma Bolada e achava interessante, uma sátira inteligente. Mas parece que houve uma mudança, pois passou a ser uma defesa política favorável à candidata do PT”, afirmou Fábio Sousa (PSDB-GO). O parlamentar questionou Jeferson sobre o contrato dele com a empresa em que trabalha atualmente. O tucano lembrou uma postagem que ofendia uma jornalista oposicionista. Para se defender, ela acionou o Humaniza Redes – Pacto nacional de enfrentamento às violações de Direitos Humanos na Internet. Fábio quis saber se o criador do perfil havia sido notificado ou o portal de denúncias funciona apenas para quem apoiava o governo.

Em suas respostas, o candidato defendeu a legitimidade de seu perfil na internet e informou que se arrepende de muitas de suas postagens, principalmente algumas mais ofensivas. E declarou ser contra toda a forma de bullying, violência contra a mulher e pedofilia. Ele respondeu também que não recebeu notificações do Humaniza Redes, e que se utilizou do portal para fazer denúncias nas vezes em que foi vítima de agressão por meio das redes e que nunca obteve retorno.

Jeferson afirmou que não há relação entre o fim do contrato da Pepper com o PT e o rompimento da “Dilma Bolada” com o governo. A mudança de postura, segundo ele, foi motivada por ações de Dilma, como a reforma ministerial para conseguir apoio de outros partidos e o aumento de impostos. “Foi mais uma forma de frustração. O governo como está não recebe o meu apoio”, justificou.

No debate, o publicitário disse que nunca recebeu dinheiro de corrupção e que seu contrato com a Pepper se trata de serviços prestados a outras empresas. De acordo com Medeiros, seu contrato com a agência iniciou em janeiro de 2015 e terminará em julho do ano que vem, podendo ser renovado. Ele apontou que faz monitoramento diário sobre o que está sendo falado sobre seus clientes, entre outras atividades e, mensalmente, envia a eles um relatório via e-mail. Sobre suas atividades antes da criação do perfil, ele destacou que fazia palestras e cobertura de eventos.

Resposta à altura

Na oportunidade, a deputada Mariana Carvalho respondeu as ofensas do deputado Jean Willys (PSOL-RJ) feitas por meio de um vídeo divulgado do Facebook. O deputado afirmou que na CPI havia apenas deputados do “baixo clero”. Isso ocorreu após a realização de audiências públicas solicitadas pelo parlamentar, em que o mesmo estava presente na Casa, mas não compareceu ao debate. A tucana apontou que a atual legislatura tem 198 novos deputados, o que corresponde a 43,7% do total.

“Se estão eleitos, todos têm igualdade e o mesmo voto, independente de quociente eleitoral e partido político”, alertou. Segundo a parlamentar, seu trabalho vem sendo realizado de forma a atender aos pedidos de todos.

A congressista recebeu o apoio de diversos membros e não membros do colegiado. “É um orgulho para a bancada a sua presença neste parlamento e nesta CPI presidindo os trabalhos”, disse Bruno Covas. Fábio Sousa apontou ser testemunha dos trabalhos de Mariana no colegiado. “Quem quis criminalizar a opinião foi o deputado Jean Willys, que convidou pessoas das quais ele discorda do pensamento. É a primeira vez que vejo um deputado reclamar por ter um pedido atendido”, explicou. Para Daniel Coelho (PE), o que Willys fez já é costume e não se trata apenas de desrespeito com o colegiado, mas de falta de educação.

Do PSDB na Câmara

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29/10/2015