Crise econômica: para empresário, mercado está esgotado e saída de Dilma representa um alívio
Brasília (DF) – A ameaça de impeachment que paira sobre a presidente Dilma Rousseff tem aumentado as expectativas positivas de alguns especialistas para o futuro da economia brasileira. Para o ex-presidente da TAM e atual presidente do Banco Fator, Marco Antonio Bologna, o mercado financeiro está esgotado, e uma eventual saída de Dilma da Presidência da República representaria um alívio.
“Há um esgotamento, um cansaço. Se não resolve o lado político, o econômico fica complicado. O impeachment leva tempo, mas pelo menos tira da frente um tema que vem deixando aquele imobilismo na tomada de decisão. Sente-se um alívio em ver que há pelo menos o início de um rumo. Alívio é a palavra, porque fica esse vai não vai, com o governo imobilizado para tomar medidas necessárias e um ambiente ruim para negócios. Estamos falando de uma transição que possa resgatar um pouco a normalidade”, afirmou.
Em entrevista publicada nesta quarta-feira (20/04) pelo jornal Folha de S. Paulo, Bologna destacou que, com Dilma fora do cargo, o país vai poder finalmente realizar as reformas necessárias, que levem à queda dos juros e à atração de investimentos. Ele ressaltou que o problema do país está no endividamento e na área fiscal.
“Sabe-se que o que precisa ser feito na área fiscal depende do Congresso. Entre os principais temas está a aprovação da DRU [Desvinculação de Receitas da União], que dá maior flexibilidade orçamentária. Isso precisa ser aprovado. E a CPMF, uma alternativa emergencial. A parte mais estrutural, que é mais explosiva quando você faz as projeções, é a Previdência. Além disso, precisa destravar as concessões”, avaliou.
O empresário considerou que um eventual governo do vice-presidente Michel Temer, do PMDB, vai conseguir avançar devido a um ambiente mais favorável, vide a expressiva votação na Câmara pela admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff – 367 votos, 25 a mais do que os 342 necessários.
“Além disso, há vontade do empresariado de que as coisas andem. Há um esgotamento. Muitos esperavam manifestações violentas e, no fim, foi pacífico, porque ninguém aguenta mais. O esgotamento traz a vontade de virar a página, de andar com as medidas emergenciais e sinalizar a quem está esperando para investir”, disse.
Bologna acrescentou que Dilma não tem mais a credibilidade necessária e nem as condições para atrair nomes de peso para a sua equipe econômica.
“Ela já estava esgotada e já não tinha capacidade de atrair quem não fosse muito próximo. Mas aquele que chega vem num momento em que há vontade de fazer algo pelo país. É quase um salvamento. O ideal é que fosse um nome alinhado às boas práticas internacionais. Veja a Argentina: continua com problemas estruturais, mas mudou a percepção do risco e o dinheiro voltou a fluir”, completou.