Dados do BC desmontam frágil defesa de Dilma e comprovam que houve crime de responsabilidade, dizem tucanos
De 2001 a 2008, impacto das pedaladas na dívida pública oscilou de 0,03% a 0,11% do PIB. A partir de 2009, cresceu até 1%
Brasília (DF) – Nem dois dias se passaram após a defesa feita pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, na comissão especial que analisa o processo de impeachment de Dilma Rousseff, e todos os argumentos usados pelos petistas já foram desmentidos. Dessa vez, o próprio Banco Central divulgou dados que dimensionam o uso das pedaladas fiscais no governo Dilma, e desmontam um dos principais argumentos de sua defesa: o de que seus antecessores também teriam se valido da prática.
De acordo com o BC, entre os anos de 2001 e 2008, o impacto das pedaladas fiscais na dívida pública oscilou entre 0,03% e 0,11% do Produto Interno Bruto (PIB). A partir de 2009, o número cresceu vertiginosamente, chegando até 1% do PIB. A disparada também se nota ao analisarmos os governos individuais. Ao final da gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, a conta do Tesouro a ser acertada com os bancos públicos era de R$ 948 milhões. No final do ano passado, ao segundo mandato de Dilma, o prejuízo era de R$ 60 bilhões, que só foram pagos por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Para o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), o fato do próprio Banco Central atestar o uso abusivo das pedaladas fiscais na gestão de Dilma Rousseff comprova o crime de responsabilidade cometido pela petista, o que legitima o pedido de impeachment.
“O Banco Central não precisou chamar ninguém, nem os universitários, para provar que o ministro do PT, o ministro da Dilma, José Eduardo Cardozo, veio na comissão mentir para o povo brasileiro. As pedaladas foram confirmadas pelo Banco Central do Brasil. Mais de R$ 60 bilhões gastos, feitos sem autorização legislativa, sem tomar empréstimos, usando as estatais. Isso é crime de responsabilidade, tornando a presidente da República improba e sujeita ao impeachment”, afirmou.
“O processo de impeachment está legitimado. Ele é legal, constitucional, está autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), pela sociedade. Mais de 70% da população aprova o processo de impeachment. Temos segurança jurídica e política de que o processo de impeachment deve ser aprovado por grande maioria aqui na Casa”, acrescentou Hauly.
Estratégia orquestrada
O deputado federal Rógério Marinho (PSDB-RN) avaliou que a estratégia do governo é uma “orquestração”, por parte do Partido dos Trabalhadores, que vende para sua militância e para a sociedade em geral a ideia de que há um golpe em marcha no país. Para isso, eles não hesitam em usar de “argumentos falaciosos, meias verdades e de todos os embustes e subterfúgios que conseguem”.
“Eles não estão interessados na verdade. O fato é que houve um descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Há uma grande irresponsabilidade, há um atentado à Constituição brasileira, há uma invasão de competências, do Executivo para o Legislativo, há um saque a descoberto de recursos de bancos oficiais, o que é expressamente proibido, e o que é pior: em nome não da sociedade brasileira, não da sanidade financeira do país, mas em nome de um projeto de poder que quer se perpetuar para continuar servindo a um pequeno grupo de pessoas que imaginam-se artistas de uma revolução bolivariana que pode invadir toda a América do Sul”, considerou.
O parlamentar comparou ainda o discurso de defesa da presidente Dilma Rousseff com a tática de propaganda do nazismo. “A gente está conversando com pessoas que não têm sanidade, não têm discurso, não têm objetividade, não têm racionalidade. Eles se utilizam de uma técnica muito conhecida que é a técnica de Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista: formatar um discurso, por mais irracional que ele seja, e repeti-lo como mantra até a exaustão para que ele seja palavra de ordem daqueles que defendem o que ainda resta desse governo, que está levando o brasileiro para o buraco”.
Para o tucano, não se pode tratar a presidente Dilma Rousseff como se ela estivesse acima da lei. Por isso, a punição aos crimes cometidos por seu governo só se dará com o desfecho do processo de impeachment.
“Se nós temos leis que valem para prefeitos e governadores, porque a presidente da República está acima da lei? Que país é esse que excetua a principal personagem da República, que permite que a presidente da República, em nome de um projeto de poder, possa assaltar literalmente o país? Os dados cabais que estão sendo mostrados revelam a extensão do prejuízo que o Brasil tomou, a extensão da irresponsabilidade, da falta de zelo com a coisa pública e a necessidade que a sociedade tem de punir. A punição só se dará realmente por um desfecho do impeachment da presidente Dilma, o que nós estamos aguardando que aconteça o mais breve possível para o país voltar a funcionar”, completou Rogério Marinho.