“Dilma vai mexer com a poupança. Isso é grave!”, artigo de Arthur Virgílio
Um governo que mexe na poupança é capaz de quebrar qualquer contrato. A poupança sempre foi entidade santa para os brasileiros. Desde os tempos em que moedas e cofrinhos continham os sonhos de milhões de pequenos poupadores, a despeito de governos, inflação, juros e problemas internacionais.
Artigo de Arthur Virgílio, diplomata e ex-líder do PSDB no Senado
Um governo que mexe na poupança é capaz de quebrar qualquer contrato. A poupança sempre foi entidade santa para os brasileiros. Desde os tempos em que moedas e cofrinhos continham os sonhos de milhões de pequenos poupadores, a despeito de governos, inflação, juros e problemas internacionais.
O poupador não quer saber se a Grécia vai quebrar, se os EUA lidam com ativos tóxicos ou não. Deseja apenas obter seu rendimento, limitado que seja.
A inflação alta, invariavelmente, anula o ganho do ano. Aí não faltam sugestões fervorosas de gerentes de bancos para que se invista em “excelentes” fundos, que renderiam mais que a poupança. Mas, não! O brasileiro é afeiçoado à caderneta de poupança.
Em 16 de marco de 1990, uma tentativa fracassada de conter a hiperinflação resultou numa das intervenções mais radicais na economia do país. Um dia depois de tomar posse, o Presidente Fernando Collor e a Ministra Zélia Cardoso de Melo anunciaram o confisco de parte das contas correntes e da poupança dos brasileiros. A população, atônita, acompanhou a entrevista coletiva em que Zélia tentava explicar os tópicos do plano.
O espanto maior veio quando ela declarou, em rede nacional, o confisco de todos os recursos, depositados na poupança, acima de 50 mil cruzados novos, que tornariam a ser chamados de cruzeiros pela terceira vez na história.
Pois o governo Dilma retoma o discurso de cortar o rendimento da poupança. Lamentavelmente na quadra em que ela se recuperava de anos de baixos rendimentos e poderia representar fonte de ganho real para os pequenos poupadores.